Paula Reis, 32 anos, hospedeira da Luxair, foi uma das vitimas mortais do trágico acidente da semana passada. Casada desde 1996, Paula Reis deixou ainda órfã uma criança de 14 meses.
Considerada pelos amigos como uma pessoa alegre e bastante afável, Paula Reis chegou ao Luxemburgo ainda muito jovem. Aos 25 anos, começou a sua carreira de hospedeira na companhia aérea luxemburguesa, efectuando, em regime de alternância, viagens nos aviões do tipo Boing 737, Embraer 145 e Fokker 50.
Uma amiga recorda que \"a Paula não tinha medo de voar, embora ela própria tivesse admitido já ter apanhado alguns sustos\". Na altura estava a pensar em concorrer para o lugar de hospedeira e fui-lhe pedir alguns conselhos, afirmou, \"a Paula achava que o avião era dos meios de transporte mais seguros\".
Paula Reis era casada com Paulo Ferreira, conhecido empresário e cabeleireiro de moda que há alguns anos explorava o salão Metamorphose e o bar Aniki Bobó.
A missa do sétimo dia em memória de Paula Reis realiza-se hoje, em Portugal, na presença dos familiares e das pessoas mais próximas.

Motores do avião apagaram-se a 230 metros de altitude
De acordo com os primeiros resultados das investigações sobre as causas do acidente de aviação da passada quarta-feira – que provocou a morte de vinte das vinte e duas pessoas a bordo, entre os quais a hospedeira Paula Reis –, tudo leva a crer que depois de ambos os motores se terem desligado por razões ainda desconhecidas, o piloto terá tentado planar até à pista de aterragem, acabando por se despenhar a apenas cinco quilómetros do aeroporto de Findel. As verdadeiras razões deste trágico acidente poderão vir a ser brevemente desvendadas pelo próprio piloto – um dos dois sobreviventes.
Estas informações foram divulgadas depois de uma primeira análise à caixa negra onde ficam gravadas todas as informações técnicas relacionadas com o aparelho. Na opinião dos especialistas afiguram-se para já três possibilidades que podem ter conduzido à misteriosa extinção de ambos os motores – que, fizeram questão de salientar, funcionam de forma independente – por falha mecânica, falta de combustível ou entrada de pássaros nas turbinas.
Outra das hipóteses por descortinar é se o piloto não se terá apercebido demasiado tarde das falhas que levaram primeiro a uma perda brusca de potência, seguida da extinção completa dos motores. Segundo os especialistas, um avião deste tipo pode, devido ao seu reduzido peso e dimensão, planar durante vários quilómetros, o que acabou por não suceder neste caso devido ao aparelho se encontrar já numa fase demasiado adiantada da aterragem, a apenas 230 metros do solo.
Funcionário diz que Luxair já sabe o que se passou
De acordo com declarações de um funcionário da Luxair, as causas do acidente já são conhecidas, apesar de ainda não terem sido tornadas públicas, e nada têm a ver com uma falha técnica. De outra forma, todos os vôos realizados por este tipo de avião seriam suspensos o que não se verifica, afirmou o mesmo funcionário.
Das vinte e duas pessoas que se encontravam a bordo, apenas o piloto luxemburguês, Claude Poeckes, de 27 anos, e um passageiro francês, Jean-Claude, de 36, sobreviveram ao acidente tendo a maioria das vítimas sucumbido na sequência do embate no solo que provocou a destruição quase total do avião proveniente de Berlim. Os dois únicos sobreviventes encontram-se já fora de perigo, sendo o piloto aquele que inspira maiores cuidados. Apesar de já ter recuperado do estado de coma em que se encontrava, o jovem piloto apresenta uma dupla fractura da coluna, que, receia-se, poderá conduzi-lo a um estado de paralisia. Ambas as pernas ficaram desfeitas na sequência do choque. O passageiro francês, apesar dos ferimentos graves, encontra-se também fora de perigo.
Entre as vítimas mortais do acidente, quinze eram de nacionalidade alemã (na sua maioria homens de negócios), quatro luxemburgueses (entre as quais a hospedeira de origem portuguesa) e um era francês.
Taxista assistiu a tudo
Segundo declarações de um taxista que na altura se encontrava no local quando o Fokker 50 se despenhou, embatendo primeiro na estrada, na rua de Trèves, em Niederanven, afundando-se em seguida num relvado situado à berma da mesma, haveria pelo menos mais quatro pessoas que teriam sobrevivido ao embate. O taxista afirmou ainda ter tentado retirar alguns dos sobreviventes do interior do aparelho, após ter ouvido gritos – tentativa que acabou por se revelar infrutífera devido à rápida deflagração das chamas.
Num comunicado emitido pela Luxair, baseado em relatórios médicos, três das vinte vítimas mortais chegaram ao hospital ainda com vida acabando por sucumbir aos ferimentos algumas horas mais tarde. As restantes vítimas terão sofrido morte imediata.



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