O incidente com pólvora negra, que deflagrou e provocou ferimentos em dois recreadores históricos sábado, em Boticas, foi uma “situação inédita” e a organização quer perceber o que originou a ignição, disse hoje Paulo Martinho, da WilCôa.

A deflagração de pólvora negra aconteceu no sábado, nos bastidores da reconstituição das Invasões Francesas, um evento que junta o município de Boticas, no distrito de Vila Real, a Associação Napoleónica Portuguesa e a empresa WilCôa, Lda.

Paulo Martinho disse hoje que os feridos são uma mulher de 52 anos e um homem de 64, ambos com uma experiência de mais de uma década no manuseamento de peças de artilharia.

Adiantou que os dois sofrerem queimaduras e ainda se encontram hospitalizados, mas sem correrem risco de vida.

“Não houve nenhuma explosão. Houve simplesmente uma ignição dentro da caixa da pólvora. Na retaguarda da peça de artilharia existe uma caixa de madeira onde estão algumas cargas já feitas de pólvora negra para serem disparadas no canhão e essa caixa entrou em ignição, ardeu, não explodiu, simplesmente ardeu. Ali num décimo de segundo ardeu e não conseguimos perceber o que aconteceu”, referiu o responsável.

Paulo Martinho afirmou que se trata de uma “situação inédita”.

“E queremos perceber o que é que aconteceu, para futuramente evitarmos este tipo de situações e estamos a articular isso com o município de Boticas, com a Associação Napoleónica Portuguesa, que coordena tudo o que é recriação de época do século XIX, das invasões francesas em Portugal e que tem muitas dezenas de associados que quase semanalmente lidam com pólvora e armas do século XIX”, referiu.

A caixa com a pólvora estava à sombra, mas o dia foi muito quente em Boticas, tal como praticamente em todo o país.

Paulo Martinho disse que a palavra de ordem dos militares recreadores é “segurança”.

“E, como é evidente, pretendemos saber exatamente o que é que terá acontecido e o que terá levado a esta ignição para precaver futuros episódios como este. A verdade é que, em quase 20 anos, não há relato de nenhum acidente com nenhuma peça de artilharia, nem nenhum acidente deste tipo que tenha acontecido”, referiu.

Contactada pela Lusa, fonte do comando da GNR de Vila Real disse que foi ao local e que recolheu informação sobre o incidente, a qual remeteu para o Ministério Público e para a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT).

A Guarda confirmou ainda, junto da PSP, que as vítimas estavam habilitadas com a licença de uso e porte de arma dos artefactos em causa, havendo ainda autorização legal para a aquisição da pólvora negra.

“Todos juntos vamos procurar chegar a uma conclusão e perceber o que se passou”, referiu ainda Paulo Martinho, que explicou que a pólvora negra era a pólvora usada antigamente e que, quando há uma ignição, faz muito fumo e um estrondo grande.

O presidente da Câmara de Boticas, Guilherme Pires, já tinha explicado que a “pólvora não explodiu, incendiou-se”, garantiu que “a recriação está devidamente licenciada”, que o incidente aconteceu nos bastidores do evento e que em nenhum momento o público encontrou-se em situação de risco.

O autarca enalteceu ainda a forma célere como os bombeiros e INEM socorreram os dois feridos.

De acordo com o 'site' da Proteção Civil, o alerta para a ocorrência foi dado às 17:38 de sábado e, para o local, foram mobilizados 16 operacionais, cinco meios terrestres e um aéreo.

Foto: DR



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