O presidente George W. Bush anunciou a semana passada uma nova política de imigração que deve facilitar a concessão de vistos de trabalho temporários para estrangeiros que já tenham um emprego à espera nos EUA e permite a legalização de parte dos ilegais que se encontram estão no país.

O discurso de Bush, cheio de elogios à capacidade de trabalho dos imigrantes, foi interpretado pela oposição como tentativa de atrair o voto hispânico em ano de eleições para a Casa Branca.
Os imigrantes não podem votar a menos que se tornem cidadãos estadounidenses, mas aqueles que já têm esse direito poderão dar o seu voto a um candidato que favoreça imigrantes.
O senador Joe Liberman e o congressista Richard Gephardt, aspirantes à nomeação presidencial democrata criticaram Bush por ter apresentado a proposta em ano de eleições e não se ter preocupado com a imigração nos três primeiros anos do seu mandato.
"É muito pouco", disse Lieberman. "E anunciá-lo depois de três anos é muito tarde".
Para Gephardt, um dos políticos mais liberais do país, a proposta de Bush "pode, potencialmente, vir a causar mais mal do que bem".
Para o congressista Barney Frank, de Massachusetts, a proposta de Bush é o primeiro passo para resolver os problemas de oito a 14 milhões de imigrantes indocumentados que vivem no país.
"Penso que é um passo positivo", disse Barney Frank. "É o reconhecimento de que há necessidade de mudanças na política da imigração. Não sei se é o melhor caminho de resolver o problema, mas caminha-se nessa direcção."
Por seu lado, o senador Edward M. Kennedy disse ter ficado desapontado com a proposta do presidente: "A proposta do presidente Bush é inadequada e muito pequena para uma reforma séria do nosso sistema de imigração."
Congressistas conservadores como o republicano Thomas Tancredo, do Colorado, consideraram a proposta de Bush "um passo atrás" porque vai premiar, com o que ele chama de amnistia, estrangeiros que cometeram o crime de trabalharem ilegais nos EUA.
Barney Frank contrapõe que os imigrantes ilegais podem ter violado a lei entrando no país, mas ainda assim a melhor solução do problema é a legalização:
"Não podemos punir os ilegais sem punir toda a sociedade. Não é bom mantê-los aqui ilegalmente. Não se trata de um exército hostil que tenha invadido o país. Essas pessoas vieram para trabalhar."

Segundo a proposta da Casa Branca, que tem ser aprovada pelo Congresso, os imigrantes ilegais que tenham emprego estarão qualificados para receber uma autorização de trabalho por três anos, renováveis por mais três.
Essa autorização dará aos titulares direito a sair e regressar ao país, como se tivessem cartão verde.
Se o plano for aprovado, estrangeiros interessados em vir para os EUA poderão também receber autorizações de trabalho temporárias e válidas igualmente por três anos, desde que, comprovadamente, os americanos não queixam desempenhar essas tarefas.
Cumpridos os períodos de autorização, os trabalhadores regressarão aos países de origem e alguns poderão requerer a residência permanente e a cidadania.
Embora não ofereça soluções para todos os problemas da clandestinidade, a proposta pode ser um alívio para milhares de ilegais, que vivem na angústia de serem deportados.
A proposta foi bem acolhida pela generalidade das organizações de imigrantes do estado de Massachusetts, onde vivem cerca de 87.000 imigrantes ilegais, de acordo com os Serviços de Imigração e Naturalização.



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