O presidente da Câmara de Montalegre lamentou hoje a decisão do Governo espanhol em prolongar as restrições nas fronteiras terrestres com Portugal até março, reforçando a necessidade de ter um ponto de passagem para trabalhadores transfronteiriços naquele concelho.

“É um prejuízo muito grande, mais um a acrescentar aos muitos que já temos. Se não for criada uma exceção [de passagem para Espanha] dezenas de trabalhadores vão continuar a ser obrigados a percorrer grandes distâncias para defender o seu posto de trabalho”, destacou à Lusa o autarca de Montalegre, no distrito de Vila Real, Orlando Alves.

O Governo espanhol prolongou as restrições nas fronteiras terrestres com Portugal, devido à pandemia de covid-19, até 01 de março, de acordo com uma resolução publicada hoje no Boletim Oficial do Estado espanhol.

Lisboa e Madrid estipularam que há oito pontos de passagem permanentes entre os dois países, designadamente em Valença, Vila Verde da Raia, Quintanilha, Vilar Formoso, Marvão, Caia, Vila Verde e Castro Marim, e seis pontos de passagem em horários específicos.

O autarca de Montalegre sublinhou o esforço que tem sido feito junto do Ministério da Administração Interna (MAI) para assegurar uma passagem naquele concelho, evitando que os trabalhadores transfronteiriços percorram cerca de 200 quilómetros para atravessar para Espanha pelo ponto de passagem autorizado, em Vila Verde da Raia, concelho de Chaves.

“Com a nova extensão do estado de emergência em Portugal, tínhamos esperança que a nossa fronteira em Sendim [com Baltar, na Galiza] pudesse abrir”, realçou o socialista Orlando Alves, temendo que, com esta decisão do Governo espanhol, também o Governo português pode não criar uma exceção de passagem no concelho de Montalegre.

Em 30 de janeiro, a Câmara de Montalegre tinha exigido, em comunicado, a passagem controlada em dois pontos de fronteira com Espanha daquele concelho.

Em 04 de fevereiro, deputados do Partido Socialista (PS) na Assembleia da República (AR) questionaram o Governo sobre qual o impedimento para uma reabertura, no concelho de Montalegre, de uma passagem autorizada na fronteira terrestre com Espanha.

Numa pergunta dirigida ao ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, os deputados socialistas eleitos por Vila Real, Francisco Rocha e Ascenso Simões, interrogaram sobre o que impede o Governo de articular com a Câmara de Montalegre e o Governo espanhol, para a reabertura de, pelo menos, um dos pontos de passagem entre os dois países, “à semelhança do que acontece com outras fronteiras e territórios onde foram garantidas condições de travessia e de circulação”.

Já o autarca de Chaves, localidade que forma desde 2008 uma eurocidade com Verín, na Galiza, destacou à Lusa que o prolongamento do fecho de fronteiras é “uma má notícia”, apesar de ter de ser “aceite por todos”, desde municípios e cidadãos.

“É preciso deixar uma palavra de apreço, de estímulo, resistência e resiliência para as comunidades, quer flavienses e galegos, de que temos de continuar a resistir, somos raianos, resistentes e seremos capazes em conjunto de superar este momento difícil, económico e social”, salientou o socialista Nuno Vaz.

“Logo que seja possível devemos retomar com mais foco o objetivo que temos de fazer uma grande eurocidade e aumentar o relacionamento comercial, turístico, económico e afetivo nestes territórios”, acrescentou.



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