O Centro SIPAM é um espaço para a valorização, divulgação e investigação do Barroso Património Agrícola Mundial que é inaugurado na segunda-feira, depois de investidos 1,5 milhões de euros e recuperados edifícios degradados na Aldeia Nova, em Montalegre.

O Barroso, território que se estende pelos concelhos de Boticas e Montalegre, no norte do distrito de Vila Real, foi incluído em 2018 na lista dos Sistemas Importantes do Património Agrícola Mundial (SIPAM), uma distinção atribuída pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

“É um espaço por excelência onde nós vamos fazer a promoção do território Património Agrícola Mundial”, afirmou hoje à agência Lusa a presidente da Câmara de Montalegre, Fátima Fernandes.

Este pretende ser, apontou, o ponto de partida para a descoberta deste vasto território que engloba Montalegre e Boticas.

A inauguração acontece na segunda-feira, no âmbito das celebrações do feriado municipal de Montalegre, e o novo espaço inclui o centro de interpretação do território, o centro de apoio à realização de atividades de montanha e centro de demonstração e prova de produtos endógenos.

Foi instalado no antigo centro de formação agrícola da Aldeia Nova, fechado há cerca de 20 anos, e ali far-se-á a divulgação, estudo e degustação, mas também se desenvolverá investigação sobre este território onde os habitantes mantiveram inalteradas, durante séculos, as práticas agrícolas, silvícolas ou pastoris.

Com este projeto foram recuperados três edifícios, num investimento de cerca de 1,5 milhões de euros, que contou com financiamento comunitário.

Fátima Fernandes especificou que daqui os visitantes podem partir à descoberta da região, por exemplo com guias que ajudem a interpretar a paisagem, de bicicleta ou percorrer de canoa a albufeira do Alto Rabagão.

Também há um espaço de alojamento para acolher alunos e investigadores que queiram fazer visitas de campo e participar em escolas de verão. No âmbito de parcerias com instituições de ensino superior, como o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), já há vários doutorandos a realizar investigação sobre o património agrícola.

Mas o enfoque do centro é também a gastronomia, pelo que serão realizadas demonstrações culinárias com produtos endógenos com ‘chefs’ e alunos de escolas de hotelaria, bem como a melhoria das competências dos produtores, através da realização de ações de formação.

“O que se pretende é que eles fiquem mais sensibilizados para um modo de produção que respeita a tradição, mas também que se projeta para o futuro”, salientou a autarca.

Entre os projetos a concretizar estão a carta gastronómica do Barroso, com receitas que terão enfoque na carne barrosã, a criação da Rota do Pão, com destaque para o pão de centeio e a reativação dos fornos do povo.

Fátima Fernandes disse acreditar que este espaço vai ajudar a dar mais visibilidade ao Barroso e potenciar uma maior dinâmica que transforme este património agrícola mundial “numa espécie de uma marca”, tal e qual com aconteceu no Douro Vinhateiro.

O Barroso foi o primeiro território português a integrar o SIPAM e um dos primeiros a ser aprovado na Europa.

Esta é uma região agrícola dominada pela produção pecuária e pelas culturas típicas das regiões montanhosas, onde se mantêm as formas tradicionais de trabalhar a terra ou tratar os animais.

O comunitarismo é ainda um dos valores e costumes característico desta região, intimamente associado às práticas rurais de vida coletiva e à necessidade de adaptação ao meio ambiente.

“O caminho vai-se fazendo lentamente, às vezes mais lentamente do que aquilo que nós desejamos, mas já houve algumas mudanças”, referiu Fátima Fernandes, que destacou, entre as melhorias verificadas após a classificação, uma majoração nos subsídios atribuídos aos agricultores, referindo ainda que já há novos empresários agrícolas instalados no território.



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