Várias peças de missas em polifonia vão ser tocadas, pela primeira vez desde o século XVII, na Concatedral de Miranda do Douro, no próximo dia 11 de maio, às 21h30, data em que será apresentado publicamente o projeto de investigação e divulgação relacionado o único exemplar sobrevivente de um livro de música sacra do compositor Diego de Bruceña (m. 1622, considerado um dos compositores mais importantes de sua época, tendo sido capelão nas catedrais de Ourense, Oviedo, Burgos e Zamora), um extraordinário livro com 92 cm de largura e 60 cm de altura, com capa em madeira.

Dos 40 exemplares do «Livro de Missas, Magníficas e Motetes» de Diego de Bruceña, impressos em 1620, resta apenas um exemplar conhecido, descoberto em 2015, na Concatedral de Miranda do Douro. Até essa data, pensava-se que todas as composições de Bruceña estavam perdidas para sempre, mas a excecional descoberta deste exemplar permitiu recuperar grande parte das composições da música sacra do início do século XVII.

O livro foi impresso, em Salamanca, pela prodigiosa gravadora de música sacra Susana Muñoz. Esta empresa de impressão, fundada por essa jovem empreendedora e seu marido, Artus Tavernier, nascido em Antuérpia, foi responsável pela impressão de mais música sacra do que qualquer outra empresa ibérica no início da Era Moderna. Isso não apenas nos lembra a importante relação cultural entre Antuérpia e Miranda do Douro; mas é um testemunho profundo da rica vida musical de nossa catedral no século XVII.

Por ocasião do 400º aniversário da impressão deste documento único, tanto da arte da impressão, quanto da composição da música sacra do início do século XVII, o Museu da Terra de Miranda acaba de estabelecer uma colaboração com o Boston College e o musicólogo e maestro Michael Noone, especialista que publicou amplamente sobre música sacra renascentista, tendo já gravado mais de 25 CD’s, muitos dos quais premiados, incluindo o cobiçado Gramophone Early Music Award.

O projeto de colaboração, que objetiva revelar uma nova realidade acerca do que foi a produção musical dos anos de transição entre os séculos XVI e XVII e perceber de que forma os compositores vão abandonando aspetos mais antigos e incorporando elementos mais modernos na sua forma de compor, prevê a realização das seguintes atividades, em calendário ainda a definir:

1. Apresentação, em Miranda do Douro, de um site dedicado ao estudo do coral que preserva as composições sagradas de Diego de Bruceña;

2. Apresentação, em Miranda do Douro, de um livro do Dr. Michael Noone, contendo reproduções fac-símile do livro de Bruceña, uma transcrição para a notação moderna de uma amostra representativa das composições de Bruceña e um estudo sobre Diego de Bruceña e a vida musical da Concatedral de Miranda do Douro;

3. Série de concertos de música dos compositores Diego de Bruceña e Felipe de Magalhães, em Miranda do Douro.

4. Gravação em CD das músicas de Diego de Bruceña e Felipe de Magalhães, relação com outros aspetos do material patrimonial, nomeadamente o calendário flamengo das Concertos de Miranda do Douro.

5. Uma gravação em vídeo da música de Diego de Bruceña e Felipe de Magalhães, cantada em Miranda do Douro.

O projeto será apresentado em concerto público na Concatedral de Miranda do Douro, no dia 11 de maio, pelas 21h30, quando o coro australiano de St. James, conduzido por Warren Trevelyan-Jones, cantará — pela primeira vez desde o século XVII — composições sagradas, editadas no livro de coral Bruceña pelo Dr. Michael Noone.



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