O presidente da Câmara de Miranda do Douro pediu hoje ao primeiro-ministro para rever a situação epidemiológica do concelho, por considerar “desajustada” a fórmula de cálculo de casos covid-19 por 100 mil habitantes para territórios com baixa densidade populacional.

"Há um erro na fórmula e na apresentação do cálculo de números que prejudica os concelhos com menos densidade populacional. O concelho de Miranda do Douro tem seis casos ativos e muito provavelmente no final do dia de hoje ficará com zero casos ativos. O Governo terá que equacionar a reabertura das atividades económicas ainda hoje", disse à Lusa o autarca daquele concelho do distrito de Bragança.

Artur Nunes refere que os seis casos de covid-19 existentes no concelho de Miranda do Douro "estão circunscritos e sobre o controlo das autoridades de saúde".

"Esta fórmula de cálculo de incidência de casos covid-19 está errada. A forma como são apresentados os números também não é correta e prejudica gravemente os pequenos municípios, e o número de habitantes não pode ser a única fórmula para fazer encerrar um concelho do interior", vincou o também presidente da Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes.

Para o autarca, "não se pode fechar todo um concelho devido a uma situação que está circunscrita e devidamente avaliada por todos agentes de saúde e proteção civil".

A fronteira de Miranda do Douro com Castela e Leão (Espanha) vai abrir às 00:00 horas de sábado, o que vai "levar a uma maior procura pelo comércio e restauração desta cidade do Planalto Mirandês", referiu.

"Vivemos um longo período de confinamento e abrindo as fronteiras e com apenas seis casos circunscritos não faz muito sentido, e pedimos uma reavaliação urgente desta decisão", enfatizou Artur Nunes.

Oito concelhos dos 278 existentes em Portugal continental não avançam para a quarta e última fase do atual plano de desconfinamento, a partir de sábado, no âmbito do estado de calamidade devido à pandemia, anunciou na quinta-feira o primeiro-ministro.

Entre os oito concelhos impedidos de prosseguir para a quarta fase estão Miranda do Douro, Paredes e Valongo, que continuam no nível em que se encontram, ou seja, mantêm-se na terceira fase, depois de terem integrado há 15 dias o grupo de 13 municípios que ficaram em alerta, por terem mais de 120 casos por 100 mil habitantes em 14 dias.

Por seu lado, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Miranda do Douro, César João, que sempre se mostrou contra o encerramento da fronteira de Miranda do Douro, disse que "esta é uma pequena maldade que o Governo fez aos mirandeses".

"O comércio e a restauração ansiavam por esta reabertura das fronteiras (…) e vê-se confrontado com o encerramento das atividades às 13:00. Em Miranda do Douro, tal como em outras localidades fronteiriças, o comércio e restauração funcionam no período da tarde, ao fim de semana", observou o dirigente.

As fronteiras terrestres com Espanha vão reabrir no sábado, anunciou o primeiro-ministro no final da reunião do Conselho de Ministros sobre a última fase de confinamento.

As fronteiras entre Portugal e Espanha estão fechadas desde janeiro devido à pandemia de covid-19, sendo apenas permitida a passagem, em 18 pontos autorizados, ao transporte internacional de mercadorias, trabalhadores transfronteiriços e de caráter sazonal devidamente documentados, veículos de emergência, socorro e serviço de urgência.



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