O caminho faz-se caminhando: Presidente da Câmara, Alberto Machado e o presidente da Federação Europeia do Caminho de Santiago, Jean Benoit Girodet no descerramento de placa comemorativa na praça João Paulo II por ocasião da criação da Federação Portuguesa do Caminho de Santiago. Luís Pedro Martins, presidente de Turismo Porto e Norte, e a vereadora da cultura, Ana Rita Dias, também participam neste momento que conta com uma primeira atuação da companhia de teatro Filandorra.

A Federação Portuguesa do Caminho de Santiago, criada hoje em Pedras Salgadas, concelho de Vila Pouca de Aguiar, vai implementar uma estratégia nacional para a melhoria, divulgação e promoção destas vias de peregrinação.

“Este projeto nasceu da necessidade de haver uma estratégia comum nacional relativamente aos caminhos de Santiago, nomeadamente quanto à sinalética, quanto a boas práticas, quanto a albergues e apoio a peregrinos”, afirmou Ana Rita Dias, vice-presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar.

A criação desta federação foi coordenada pela Câmara de Vila Pouca de Aguiar, que é a representante nacional da Federação Europeia dos Caminhos de Santiago, e é neste município do distrito de Vila Real que vai ficar sediada a associação de caráter cultural sem fins lucrativos.

“Todos os municípios e todas as associações vão promover todos os caminhos em Portugal. É uma estratégia para mantermos os peregrinos em Portugal a fazerem os vários caminhos que existem”, frisou Ana Rita Dias.

Presente na iniciativa, o presidente da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), Luís Pedro Martins, afirmou que os caminhos de Santiago são um dos “principais produtos turísticos da região”, que atraem pessoas por diversas razões, “desde a fé, o contacto com a natureza e gastronomia, vinhos, enoturismo”.

O responsável referiu que estas vias estão a ajudar a alavancar empresas e elencou exemplos como as que ajudam “a transportar mochilas, as bicicletas ou mesmo outras que proporcionam fazer o caminho a cavalo”.

“O nosso trabalho será promover tudo isto em Portugal, mas também a nível internacional”, frisou.

Para o efeito, a TPNP preparou uma candidatura, recentemente aprovada, que vai aplicar cerca de 90 mil euros na promoção dos caminhos de Santiago.

A federação agrega cerca de 60 entidades, entre municípios e associações de peregrinos, e tem como objetivo a promoção, divulgação, organização e gestão dos caminhos de Santiago em território nacional.

Pretende-se ainda delinear e implementar "uma estratégia comum em todo o país", bem como uma “sinalética igual” nestas vias de peregrinação.

A federação visa também "revitalizar e dinamizar as variantes do Caminho Português de Santiago como importantes vias de peregrinação a Santiago de Compostela, recuperando, preservando e promovendo também o património histórico-cultural e religioso associado ao caminho, a interculturalidade dos povos e impulsionando o desenvolvimento económico, social e ambiental das regiões atravessadas".

Os caminhos de Santiago, que atravessam Portugal de sul para norte, são seguidos pelos peregrinos há séculos e têm como destino a Catedral de Santiago de Compostela, em Espanha.

Atualmente podem identificar-se três percursos principais: o Caminho da Costa que parte do Porto, atravessa o Minho até Espanha, o Caminho Interior que liga Viseu a Chaves, com saída para Espanha por Vilarelho da Raia, e o Caminho Central Português que sai da Sé de Lisboa e passa por Tomar, Coimbra até entrar no Porto e seguir depois para Norte.

Meio milhão de euros para melhorar Caminho Português Interior de Santiago

Os oito municípios atravessados pelo Caminho Português Interior de Santiago vão aplicar cerca de meio milhão de euros na melhoria da sinalética e em albergues, seminários e workshops que promovam esta via de peregrinação.

Ana Rita Dias, vice-presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, disse hoje que o objetivo “é melhorar o Caminho Português Interior de Santiago porque “é preciso dar mais e melhor a quem percorre este caminho”.

Esta via de peregrinação começa em Viseu e segue por Castro Daire, Lamego, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar e Chaves, percorrendo 205 quilómetros e entrando em Espanha por Verín.

A autarca, que falava em Pedras Salgadas, à margem da criação da Federação Portuguesa do Caminho de Santiago, disse aos jornalistas que os municípios prepararam uma candidatura comum, que já foi aprovada, e que prevê a concretização de iniciativas conjuntas e individuais.

Entre as ações previstas estão o reforço da sinalética e da rede de albergues, a preparação de alguns albergues para pessoas com necessidades especiais e para acolherem os que se deslocam em bicicleta, com locais para a lavagem ou reparação destes meios de transporte.

A ideia é “requalificar e inovar” o caminho que, segundo Ana Rita Dias, está a receber “cada vez mais peregrinos, inclusive estrangeiros”.

“Temos um caminho diferente dos restantes pela sua paisagem, pela sua dificuldade, por aquilo que oferece e pelas gentes que aqui vivem”, frisou a responsável.

Entre alguns peregrinos, as opiniões dividem-se entre as belas paisagens e algumas falhas nas condições existentes nesta via.

José Carlos Callixto, de 65 anos e residente em Sacavém, já percorreu sete caminhos de Santiago, o último dos quais foi o Caminho Português Interior, no qual entrou em Lamego.

À agência Lusa disse que se trata de um “caminho fabuloso” do ponto de vista paisagístico, histórico e cultural, destacando os vinhedos do Douro e os rios Douro e Corgo, referindo ainda que é uma via com troços difíceis, de montanha e de muitos desníveis.

No entanto, afirmou que “há muito que falta” nesta via, desde a sinalização em algumas etapas, à limpeza de troços do percurso e da falta de albergues em algumas zonas.

Ana Rita Dias referiu que a candidatura visa também "a manutenção" do caminho e elencou ainda, entre as iniciativas previstas, a realização de seminários e workshops, a elaboração de guias em papel e também digitais.

A primeira iniciativa decorreu na quinta-feira, nomeadamente o seminário internacional “Caminho de Santiago, um caminho no mundo”, que antecedeu a criação da Federação Nacional do Caminho de Santiago, que foi hoje oficialmente constituída.


Galeria de Fotos


PARTILHAR:

Seis crianças observadas no hospital após acidente com autocarro

Trás-os-Montes tem 3 municípios com excesso de endividamento