A Savannah, que quer explorar lítio em Boticas, disse hoje que a mina do Barroso pode ser “um exemplo de compatibilidade” entre a produção responsável de matérias-primas críticas, crescimento económico e benefícios para a comunidade.

Pronunciando-se a propósito do fim da consulta pública do reformulado Estudo de Impacte Ambiental (EIA) da mina do Barroso, no distrito de Vila Real, concluída na quarta-feira com 912 participações submetidas através do portal Participa, a empresa disse esperar “receber a decisão da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) até 31 de maio de 2023”.

"A Savannah está empenhada em desenvolver o projeto lítio do Barroso de uma forma responsável que minimize o impacte no meio ambiente natural, de modo a que os benefícios ambientais do lítio sejam maximizados. Estamos também empenhados em criar benefícios socioeconómicos que possam ser partilhados tanto a nível local como a nível nacional”, afirmou, citado em comunicado, o diretor executivo (CEO) da Savannah, Dale Ferguson.

A empresa submeteu o EIA da mina do Barroso em junho de 2020 e, dois anos depois, o projeto recebeu um parecer “não favorável” por parte da comissão de avaliação da APA, mas, ao abrigo do artigo 16.º do regime jurídico de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA), o projeto foi reformulado e ressubmetido a apreciação.

"Portugal tem a sorte de dispor de recursos de lítio de alta qualidade que lhe podem permitir desempenhar um papel fundamental no fornecimento de uma matéria-prima que a Comissão Europeia identificou como sendo crítica e estratégica para a transição energética da região, uma vez que procura combater os efeitos das alterações climáticas e desenvolver novos setores na sua economia”, acrescentou Dale Ferguson.

A empresa disse ter utilizado “as melhores práticas e ‘design’ inovador para incorporar numerosas medidas para remover, minimizar ou mitigar tanto o impacte ambiental como o social”.

Entre as “várias otimizações introduzidas”, a Savannah disse que incorporou especificamente o ‘feedback’ recebido das partes interessadas “sobre a gestão dos recursos hídricos, a disposição das infraestruturas relacionadas com a mina, a ecologia, impactes paisagísticos e considerações socioeconómicas”.

A empresa exemplificou que, a nível da água, o projeto vai “buscar toda a sua própria água no local”, não precisando “de ser retirada do rio Covas” e recorrendo a um sistema "fechado", logo, a água será “armazenada, tratada e reciclada no local”.

A Savannah disse estar empenhada em operar “muito abaixo dos limites legais de ruído e vibrações do solo”, que a “qualidade do ar será constantemente monitorizada e a poeira será suprimida através do tratamento com água de estradas não pavimentadas e áreas onde os camiões descarregam na unidade de processamento”, que implementará novas estradas para o tráfego não atravessar as aldeias, comprometendo-se a um “fornecimento de energia 100% renovável”.

Garantiu ainda que o impacto nos rios e no ecossistema aquático vai ser “minimizado” e que a reabilitação da paisagem “está garantida”.

Quanto aos potenciais benefícios económicos, destacou os “215 empregos diretos de longo prazo e mais de 2.000 empregos indiretos e induzidos na fase operacional”, a criação “de uma fundação com um orçamento de 500 mil euros por ano disponível para apoiar projetos e iniciativas comunitárias” e o “aumento do valor bruto da produção nacional em 420 milhões de euros durante a fase de investimento (construção) e em 210 milhões de euros por ano durante a fase de operação”.

A mina do Barroso tem uma duração estimada de 17 anos, a área de concessão prevista é de 593 hectares e é contestada por associações locais e ambientalistas e a Câmara de Boticas, no distrito de Vila Real.



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