O ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, garantiu hoje que a reabertura da Linha Douro entre Pocinho e Barca d' Alva é um objetivo para concretizar, para a qual terá de ser encontrado financiamento.

"O [troço] Pocinho - Barca d'Alva não está em nenhum programa neste momento, mas nós achamos que, no quadro da elaboração do Plano Ferroviário Nacional, com certeza que essa extensão vai constar e nós, agora, temos de arranjar financiamento", afirmou.

Pedro Nuno Santos falava na Covilhã, distrito de Castelo Branco, à margem da cerimónia que assinalou a reabertura do troço Guarda-Covilhã na Linha da Beira Baixa e durante a qual o presidente da CP, Nuno Freitas, lançou o desafio público para que aquele lanço da Linha do Douro seja reativado.

"Portugal não se pode dar ao luxo de ter uma infraestrutura destas desativada", afirmou o presidente da CP, lembrando que está em causa uma ligação num território que é Património da Humanidade e que representa uma das poucas marcas nacionais de alcance global.

Nuno Freitas lembrou que o Parlamento está unido na recomendação para que este troço reabra e considerou que o "Governo está no lugar certo e no momento certo" para "devolver a todos os portugueses um extraordinário legado ferroviário".

Na resposta, Pedro Nuno Santos assumiu que a ligação Pocinho-Barca d'Alva é um "objetivo" para concretizar, tendo lembrado que o debate do Plano Nacional Ferroviário, que foi agora lançado, é a oportunidade para assinalar como prioridade a concretização da modernização e eletrificação desse troço.

Sem se comprometer com datas, o governante assumiu ainda que essa pode ser mais uma peça para tirar o melhor proveito do Douro.

"Quando tivermos o Douro devidamente explorado, não há cá Toscânia que nos bata", acrescentou.

A Linha do Douro desenvolve-se ao longo de 191 quilómetros, de Ermesinde (Porto) a Barca d´Alva (Guarda). O encerramento da ligação internacional ocorreu em 1985 e o lanço entre Pocinho e Barca d´Alva encerrou em 1988. A eletrificação está concretizada até Marco de Canaveses (Porto).

A Associação Vale d'Ouro considerou, no início de março, inexplicável que a Linha do Douro "esteja fora" do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e defendeu que a sua reativação até Salamanca, Espanha, promoveria novas oportunidades de negócio para a região.

A Associação Vale d'Ouro, sediada no Pinhão, concelho de Alijó, distrito de Vila Real, participou na consulta pública do PRR proposto pelo Governo, defendendo o investimento na Linha do Douro como "o motor de recuperação da economia na região e uma ferramenta que permitirá alcançar maior resiliência a desafios futuros".

Segundo um especialista em ferrovias consultado pela Lusa, o troço de linha que liga a estação do Pocinho a Barca d'Alva foi construído em 1887, foi uma das grandes obras de engenharia ferroviária da Península Ibérica e funcionou quase um século, tendo encerrado em 1985.

Este troço insere-se num traçado de cerca de 30 quilómetros por entre túneis e pontes "de grande imponência", mas está ao "abandono".



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