Um colectivo de professores do ensino secundário vai entregar ao Presidente da República, na quinta-feira, em Lyon, uma petição para alertar para o «perigo de a língua portuguesa desaparecer do ensino em França».

A petição, que conta com assinaturas de professores da região de Bordéus, Paris, Nice e Lyon, é uma forma de demonstrar o \"desespero\" que estes profissionais sentem perante a falta de apoio dos Estados francês e português, disse à Lusa um dos seus promotores, José Carlos Pereira.

\"Queremos chamar a atenção do presidente Jorge Sampaio para a situação do ensino do Português em França, do primário ao universitário\", afirma.

Na origem da iniciativa está a decisão do Ministério da Educação francês de não abrir vagas para o recrutamento de professores licenciados de Português para o ensino preparatório e secundário, preconizando a redução de cursos.

Na opinião de João Carlos Pereira, \"a disciplina está ameaçada se não houver uma política dinâmica\" na promoção da língua e lamenta os \"meios desperdiçados\", que são professores que optam por outras línguas ou entregam-se a tarefas administrativas por não existirem cursos de Português nas escolas.

\"A língua portuguesa é sempre uma das sacrificadas quando há cortes de despesas\", o que está a acontecer actualmente com a chamada \"reforma Fillon\", denuncia.

O ensino de Português em França encontra actualmente também preocupações ao nível do ensino básico, onde os governos de Lisboa têm procurado promover a integração nos currículos escolares franceses que incluem o ensino de línguas estrangeiras.

O objectivo tem sido diminuir o número dos cursos de Língua e Cultura de Origem (LCO) criados nos anos 1970 para os filhos dos emigrantes e substituir por cursos de Língua Viva Estrangeira (LVE), abrindo as portas a crianças de outras nacionalidades.

\"O problema destes cursos é que são mais ou menos artificiais, abertos à força nas escolas pelo ministério, academias [administração educativa ao nível regional] e directores das escolas e não a pedido dos pais\", nota João Carriço, do Sindicado dos Professores de Português no Estrangeiro (SPE) e Fenprof.

Segundo números da Embaixada de Portugal em França, 9.697 alunos frequentam os cursos de LCO, 6.303 os cursos de LVE, 695 alunos as secções internacionais dos liceus e 519 alunos em associações com apoio público.

É a pensar na necessidade de melhor dar a conhecer as vantagens e a dimensão da língua portuguesa no mundo que Jorge Sampaio irá lançar na quarta-feira, em Paris, uma campanha de divulgação que inclui uma página na internet intitlda www.jeparleportuguais.com.

Durante a visita do chefe de Estado a França, entre segunda e quinta-feira, está ainda prevista uma visita a um liceu em Paris onde se ensina a língua portuguesa e a participação num debate na Universidade de Lyon sobre o tema as vantagens deste idioma.

Portugal deve manter o ensino da língua portuguesa como \"veículo do desenvolvimento social e cultural na Europa e no Mundo, contribuindo para a diversidade cultural\", defende a conselheira do ensino da Embaixada, Getrudes Amaro.

Mas o Estado português tem também \"interesse em manter os laços com os luso-descendentes, que são um potencial económico e poderão exercer uma influência a favor de Portugal\", sublinha João Carriço.



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