O grupo de trabalho que vai estudar e definir o modelo de reabertura do troço da Linha do Douro, entre o Pocinho e Barca d’Alva, foi hoje formalizado e vai apresentar as conclusões em 14 meses.

“Acho que é um dia histórico, espero que este dia signifique que, aquilo que no passado fechamos, se volte a reabrir e que é a linha de comboio Pocinho Barca d’Alva”, afirmou a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa.

No Museu do Douro, sediado no Peso da Régua, no distrito de Vila Real, e que representa toda a região duriense, foi hoje constituído formalmente o grupo de trabalho que vai estudar e delinear o modelo de reabertura do troço ferroviário de 28 quilómetros que foi encerrado em 1988.

O grupo é coordenado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), junta ainda dois autarcas, em representação da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Douro e elementos da Infraestruturas de Portugal (IP).

Ana Abrunhosa explicou que vai ser feito o estudo técnico e ambiental, que deverá estar concluído em 60 dias, e depois o grupo fará também a análise económica (comparando os proveitos com o investimento) e definirá o modelo de financiamento e o calendário de execução.

“Ao fim de 14 meses vamos ter um relatório completo”, garantiu a ministra.

Os estudos prévios apontam para um investimento na ordem dos 50 milhões de euros.

“Se não houvesse vontade política, não estávamos aqui hoje e queria, sobretudo, destacar a grande visão estratégica dos autarcas da CIM do Douro, porque todos estão de acordo em como este projeto é prioritário para a região”, sublinhou.

Ana Abrunhosa apontou a importância estratégica do projeto “para o Douro, mas também para o país”.

Depois, a ministra disse esperar que a conclusão da Linha do Douro possa motivar Espanha “a continuar a infraestrutura”.

“Porque isso, então, era a cereja no topo do bolo. Para já ainda não temos essa garantia, mas nós somos resilientes e eu acho que, quando o Governo Espanhol perceber que a conclusão a Linha do Douro vai ser uma realidade, teremos outros argumentos para os convencer”, sublinhou.

Questionada sobre as linhas de financiamento do projeto, Ana Abrunhosa disse que “nunca falaram verbas para bons projetos”.

O secretário de Estado das Infraestruturas, Jorge Delgado, referiu que vai ser feito um “estudo com rigor” e lembrou a necessidade de as equipas irem para o terreno avaliar as condições da infraestrutura ferroviária e das obras de arte do troço desativado.

O governante lembrou ainda a “aposta muito expressiva” na ferroviária que está a ser feita pelo atual Governo.

Na Linha do Douro, a eletrificação está concretizada até Marco de Canaveses (Porto).

Jorge Delgado referiu que o projeto do Marco até à Régua está, neste momento, em avaliação de impacte ambiental, adiantando que ainda este ano vai ser lançado o concurso público para a modernização e eletrificação desse troço.

“E esperamos até ao fim de 2023 ter a intervenção física concluída. Depois temos, no próximo quadro comunitário, a intervenção ente a Régua e o Pocinho”, explicou.

A ligação entre o Pocinho e Barca d’Alva encerrou em 1988, três anos depois de ter fechado a ligação internacional com Espanha (1985). A reativação da Linha do Douro até Salamanca tem sido defendida nos últimos anos pela sociedade civil, autarcas e deputados.

A Assembleia da República aprovou em março, por unanimidade, os projetos de resolução do BE, PAN, PSD, PCP e PEV que defendem a requalificação da Linha do Douro, a reabertura do troço Pocinho - Barca d´Alva e a reativação da ligação a Espanha.

Uma petição promovida pela Liga dos Amigos do Douro Património Mundial e pela Fundação Museu do Douro reuniu 13.999 assinaturas em defesa da requalificação e reabertura da Linha do Douro (Ermesinde - Barca d'Alva) e subsequente ligação a Salamanca (Espanha).

A ferrovia é também apontada como uma prioridade no plano estratégico da CIM do Douro, que agrega 19 municípios.

“Estamos todos muito confiantes. O facto de estarmos aqui hoje é um passo muito positivo, mostra que o Interior tem uma forma de sair de anonimato, que é estar junto e saber distinguir, dentro das suas dificuldades, o que é mais prioritário e, é dentro dessas prioridades, que se consegue este tipo de ações”, afirmou o presidente da CIM Douro e da Câmara de Sernancelhe, Carlos Silva Santiago.

Na sua intervenção, o autarca defendeu que a “linha é rentável com passageiros”, mas considerou que se pode tornar “num caso de sucesso” também com transporte de mercadorias, nomeadamente para o escoamentos dos produtos locais, como vinhos e frutas.

A Linha do Douro desenvolve-se ao longo de 191 quilómetros, de Ermesinde (Porto) a Barca d´Alva (Guarda).



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