Três mulheres, com gosto pela música tradicional de Portugal e de Espanha, juntaram-se no Planalto Mirandês, no distrito de Bragança, e criaram o grupo Alma de Esteva, com vontade de inovar expressões ancestrais dos dois países.
“Este projeto dá pelo nome Alma de Esteva e surge da vontade de cantar e inovar no campo da música tradicional portuguesa e castelhana. O nosso repertório inclui música tradicional de vários pontos do país e da zona raiana do Planalto Mirandês, com Castela, em Espanha”, explicou à agência Lusa Joana Lopes, uma das três mentoras deste projeto.
O repertório das Alma de Esteva, apesar da sua componente tradicional, com base no cancioneiro popular, tem igualmente um toque contemporâneo que é dado a cada tema.
“O nosso reportório incide na música tradicional portuguesa, fomos buscar inspiração a temas conhecidos, oriundos de vários pontos do país e temos para já uma tema espanhol”, explicou Joana Lopes à Lusa.
Este trio de mulheres é constituído por duas biólogas - Fátima Gigante, vinda da região de Madrid, Espanha, e Joana Cardoso Pereira, originária de Aveiro -, e pela professora de dança clássica, com raízes no concelho de Mogadouro.
Estas três mulheres fixaram-se no interior raiano, formando entre si um triângulo no Planalto Mirandês: Fátima Gigante, que reside em Atenor, no concelho de Miranda do Douro, e Joana Cardoso Pereira, em Algoso, no concelho de Vimioso, exercem as suas atividades profissionais, respetivamente, na associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino (AEPGA) e na associação ambiental Palombar; Joana Lopes é moradora de Vilarinho dos Galegos, Mogadouro.
A Alma de Esteva começou há pouco mais de sete meses, com os primeiros ensaios, e está agora a ter o primeiro contacto com o público, através de um conjunto de atuações para já mais intimistas.
“Estivemos a trabalhar ao longo dos últimos sete meses, para alargar o nosso reportório, e começar a fazer concertos. As Alma de Esteva já realizaram os seus primeiros espetáculos [na região de Miranda], mas temos de ir em frente, e começam a chegar convites para futuras atuações”, vincou Joana Lopes.
A madrilena Fátima Gigante, que se fixou em Atenor há dois anos, disse à Lusa que sempre gostou de música, sendo uma forma de conhecer melhor o território português, através destas suas cantigas.
“Quando conheci as duas Joanas, houve em mim a vontade de começar a cantar [com elas], sem hesitações. Esta foi uma oportunidade para conhecer mais da cultura portuguesa. Mas há muitas músicas portuguesas e espanholas que atravessam a fronteira", disse.
Por seu lado, Joana Cardoso Pereira indicou que entrou no grupo “com muita vontade de criar”.
“Já tinha algum conforto a cantar, e depois de conhecer a Joana e a Fátima, avançámos porque temos muitos pontos em comum. Mas eu gosto de criar, mantendo sempre a essência da música original, mas com novas melodias e harmonias e novas letras”, frisou.
A música “Trigueirinha” , que faz parte do cancioneiro popular português, é a mais conhecida do grupo, a que se juntam outras como "Senhora do Almortão”, “Amora Madura” e a mirandesa "Tirioni”.
Outros dos objetivos das “ Alma de Esteva” é o contacto com pessoas locais para fazer recolha musical da tradição oral.