Há fumeiro a ser comercializado sem qualquer tipo de rotulagem que ateste a certificação com Denominação de Origem Protegida (DOP), mas que ostenta a marca «Fumeiro de Vinhais». Os empresários do concelho estão preocupados e suspeitam de uso indevido da designação.

No Verão, apenas as cinco unidades industriais, quatro do concelho de Vinhais e uma de Bragança, têm autorização legal para produzir fumeiro, assim como no resto do ano. Os produtores individuais e as cozinhas tradicionais só o podem confeccionar no Inverno.

Os industriais queixam-se de que há muitos produtos no mercado, especialmente em lojas da especialidade e charcutarias de todo o país, que usam a designação \"Fumeiro de Vinhais\", mas os enchidos não têm a marca da certificação atribuída pela Tradição e Qualidade, a entidade certificadora, com sede em Mirandela.

O proprietário de uma unidade industrial de fumeiro, que preferiu manter o anonimato, garantiu, ao JN, que \"os produtores que certificam os enchidos estão a ser prejudicados, porque têm custos acrescidos e têm de concorrer com outros que colocam no mercado produtos de qualidade inferior a preços mais baixos, sem se saber, sequer, se usam carne de porco bísaro\".

A certificação custa quatro cêntimos por unidade (enchido) e só é atribuída ao fumeiro produzido com carne de porco bísaro, após a realização de análises e do cumprimento do caderno de encargos, que exige a confecção segundo os métodos tradicionais. A carcaça de carne de porco bísaro custa cerca de quatro euros por quilo e a carne de porco corrente custa menos de dois euros.

Todos os enchidos de Vinhais estão actualmente certificados. A certificação da produção está a \"correr bem\", garantiu Carla Alves, coordenadora técnica da Associação Nacional de Criadores de Suínos de Raça Bisara, que adiantou ainda que as fábricas têm aderido bem ao processo de certificação e ao processo de rotulagem dos produtos com DOP/IGP (Denominação de Origem ou Indicação Geográfica), que atesta a qualidade e a origem da produção.

No entanto, aquela responsável admitiu que \"há uma ou duas unidades que têm muita procura, mas que fazem vendas directas aos consumidores. Nesses casos, não há necessidade de o fumeiro estar rotulado para garantir a genuinidade porque se estabelece uma relação de confiança na própria origem\".

Os produtores reclamam uma intensificação da fiscalização por parte das entidades competentes. Não sendo obrigatório, a Direcção-Geral de Desenvolvimento Rural aconselha o uso do logótipo comunitário aplicável ao caso.

O responsável pela Tradição e Qualidade, Miguel Bourbon, explicou que tem recebido ecos da parte de produtores de que há fumeiro a ser comercializado sem a respectiva certificação.



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