A Feira do Fumeiro de Montalegre começou em 1991 numa garagem com 12 produtores e, hoje, após 25 anos, tem 90 expositores, 80 deles de fumeiro, e uma receita de três milhões de euros.

"Esta feira é a galinha dos ovos de ouro de Montalegre porque é dela que muitas famílias dependem e sobrevivem", disse hoje à agência Lusa, o presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves.

A Feira do Fumeiro, na sua 25.ª edição, realiza-se de quinta-feira a domingo com 90 produtores exclusivamente locais, 80 deles de fumeiro que têm para vender mais de 50 toneladas de enchidos, desde alheiras, chouriças, sangueiras, farinheiras ou salpicões com os preços de há 25 anos.

"O preço mantém-se inalterável há 25 anos", ressalvou o autarca.

Local de atração anual, o certame espera a visita de 100 mil visitantes, números semelhantes ao ano passado, apesar da realização das Eleições Presidenciais no domingo.

"Ninguém vai trocar a feira pelas eleições", brincou Orlando Alves, lembrando que o dia "é grande" e tem "espaço" para tudo.

Orlando Alves, apelidado como o "pai" da feira porque a ideia surgiu dele, recordou que no primeiro ano da sua realização, com apenas 12 produtores limitados a uma garagem, o fumeiro esgotou no segundo dia, indicador de que o evento "tinha pernas para andar".

"Para que os visitantes não ficassem sem os produtos, o executivo municipal mobilizou-se e, com a ajuda dos funcionários, percorreu as aldeias e comprou fumeiro para revender na mostra", explicou.

Depois de dois ou três anos na garagem, a feira passou a realizar-se num pavilhão gimnodesportivo e, depois, na zona industrial, mas como os espaços continuavam a ser pequenos para acolher os "muitos visitantes", a câmara passou-a, desde há dez anos, para o pavilhão multiusos, entretanto construído.

Orlando Alves frisou que, nos primeiros anos da feira, os produtores não acreditavam nela porque estavam habituados a produzir para consumo próprio e não a vender "o que a casa dá".

Hoje, disse, "é sinónimo de sucesso, de rendimento, de sustento e de valorização do mundo rural e todos o reconhecem".

Nas primeiras edições do certame a média de idades dos produtores rondava os 60 anos. Atualmente, há pessoas mais novas e com formação superior a apostarem na produção de fumeiro, aliando o saber dos antigos, como a alimentação dos animais e temperos usados nos enchidos, às novas máquinas, técnicas e conhecimentos.

Muitos dos produtores já nem à feira vão porque conseguiram criar os seus próprios canais de comercialização, afirmou.

Outra das inovações introduzidas na feira foi a realização de vídeos promocionais, feitos com gentes da terra e baseados em músicas que ocupam os "tops" nacionais ou internacionais, que se tornaram virais.

Inovações à parte, a feira continua a ser uma tradição que mostra "o que de melhor se faz no Barroso", apresentando, além do fumeiro, pão caseiro, bolos, mel, compotas, ervas aromáticas e medicinais ou licores regionais.

Haverá ainda o concurso da melhor alheira e chouriça, iniciativa recuperada para estimular os produtores a "fazer cada vez melhor".

Esta vila de Trás-os-Montes, no distrito de Vila Real, tem atualmente 335 camas em hotéis, residenciais ou habitações de turismo rural, criadas "a reboque" de eventos como esta feira, a sexta-feira 13, o congresso de medicina tradicional ou o mundial de rallycross.
Lusa



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