Um estudo da autoria de investigadores do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), e publicado na revista científica Health Policy, analisa os fluxos migratórios dos profissionais de saúde em Portugal, concluindo que, devido ao actual contexto económico, menos imigrantes chegam ao País e mais portugueses emigram, situação que poderá ter um impacto significativo no acesso aos serviços de saúde, avança comunicado de imprensa.

O estudo, com o título «Health professionals moving to… and from Portugal», alerta ainda para a inexistência de um sistema de monitorização dos fluxos migratórios de profissionais de saúde em Portugal, bem como de um plano estratégico para o desenvolvimento da força de trabalho em saúde.

Segundo dados do estudo, o rácio de estrangeiros entre os profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) atingiu o seu pico em 2004: 36,7 por mil. A partir dessa data, os números desceram anualmente. Em 2010 existiam, no total, 3061 profissionais estrangeiros a trabalhar no SNS (2,4% do total): 1696 médicos e 690 enfermeiros.

De acordo com o Observatório Europeu de Sistemas e Políticas de Saúde, Portugal regista uma elevada dependência de médicos estrangeiros, tal como a Bélgica, Espanha, Áustria, Noruega e Suécia. Países como a Estónia, Eslováquia, Polónia, Hungria, Itália e França registam uma baixa dependência, enquanto que a Alemanha e a Finlândia apresentam uma dependência moderada e a Suíça, Eslovénia, Irlanda e Reino Unido uma dependência muito elevada.

Os espanhóis constituíam, em 2010, o maior grupo de médicos estrangeiros a trabalhar em Portugal (41%, N=696), seguido do Brasil (13%) e Angola (7%). Os cinco PALOP, no total, perfazem 20%. As especialidades médicas com mais estrangeiros são medicina familiar, medicina interna, cirurgia geral e anestesiologia.

Já a dependência relativa a enfermeiros estrangeiros é considerada relativamente baixa, com um decréscimo acentuado entre 2001 e 2010, de 1619 para 690, respectivamente. Por outro lado, os enfermeiros estão entre aqueles que mais emigram, sendo que actualmente os fluxos migratórios têm como destinos preferenciais o Reino Unido e os EUA. Em 2012, a Ordem dos Enfermeiros recebeu 2814 solicitações de certificados para trabalhar na Europa (Declaração das Directivas Comunitárias).

A emigração de médicos não é um fenómeno considerado tão importante. Contudo, em janeiro de 2012, uma agência de recrutamento francesa visitou Portugal e, em dois dias, recebeu o registo de 700 médicos, para entrevista. Também os estudantes de Medicina estão a sair do País para estudar principalmente em Espanha, Inglaterra, Hungria, Eslováquia e República Checa, sendo que os números já atingem os 1300. Em Plzen, na República Checa, os portugueses já constituem a maior comunidade de estudantes de medicina estrangeiros.



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