Quem anda ligado a Portugal, pelo coração e pela mente, sendo mesmo americano por opção, servindo e amando duas pátrias, com certeza que procura informações sobre o nosso País de origem.

Uma fonte, talvez a melhor e a maior, apesar dos defeitos que possa apresentar, é naturalmente a Rádio Televisão Portuguesa Internacional (RTPi), que invade as nossas casas todos os dias.

Em plena campanha eleitoral, a RTPi mostra diariamente aspectos da mesma, com intervenções dos partidos concorrentes, que por vezes mais parecem ataques uns aos outros, e alegadamente, servem para informar os eleitores dos respectivos programas. Portanto, julgamos que os nossos leitores, pelo menos um número significativo deles, estão a par do que se passa em Portugal, mais concretamente em relação às eleições marcadas para o dia 20 do corrente mês.

Daniel Raposo, um imigrante natural da ilha de São Miguel, residente em Warren, R.I. desde 1978, referiu que não vota em Portugal, porque nunca se dispôs a se recensear, apesar de saber que tem o privilégio de votar em dois países.

«No entanto, por aquilo que tenho visto, gostaria que o PSD vencesse estas eleições, porque me parece o partido mais equilibrado, com melhor programa, e Santana Lopes merece vencer, atendendo a que, quando não se esperava, o Presidente Sampaio entendeu dissolver o Parlamento, que possui maioria absoluta...,» disse.
João Cabral, um imigrante nascido na ilha de São Miguel, residente em East Providence, reformado, disse que não vota em Portugal, primeiro porque perdeu a nacionalidade portuguesa, e há alguns anos, ao tentar recuperá-la enfrentou tanta burocracia, que desistiu, e em segundo lugar, porque não conhece bem os candidatos. «Gosto de os ver na televisão, mas não estou interessado em votar,» referiu.

No entanto, sempre nos ofereceu a sua opinião: «Julgo que o Partido Socialista não terá maioria absoluta, e quanto ao Partido Social Democrata, tenho as minhas dúvidas, porque Santana Lopes foi apunhalado pelas costas, até mesmo por «barões» do seu partido. Há «barões» no PSD, como os há no PS, mas os «barões» socialistas são os mesmos que «fugiram» na última legislatura, e estão de volta unidos, à procura de um lugar ao sol! Se votasse seria no PSD,» disse.

Maria Ponte, reformada, residente em Fall River, também natural da ilha de São Miguel, afirmou que, por mais de uma vez esteve pronta para se naturalizar, mas por nervos ou qualquer outro motivo, não se resolveu. «Tenho desgosto de não votar aqui na terra da América, e ser mais útil participando nas eleições mas, por outro lado, fiquei satisfeita ao receber de Portugal o boletim de voto para as eleições de 20 de Fevereiro, tão faladas na RTPi, e então já votei ou seja, enviei pelo correio o meu voto. Assim penso que também sou útil...», afirmou.
Votou em quem?
«Olhe, o voto é secreto, mas depois do que fizeram ao Santana Lopes, que não teve tempo para mostrar o que pode fazer, acho que ele merece ganhar as eleições...,» respondeu.
Esta foi a primeira vez que votou?
Ponte respondeu que sim... «Antes nunca tinha votado, por isso fiquei muito contente ao fazer a cruz no boletim, pois pensei que era uma pessoa que contava... Aconteceu que precisei de um passaporte novo o ano passado, e então recenseei-me... Já votei com muito gosto,» referiu.

Em New Bedford falámos com Maria Tomásia, Comissária das Eleições, que nos informou que perdeu a nacionalidade portuguesa quando se naturalizou. Recentemente soube que essa lei já mudou, mas ainda não tratei de readquirir a cidadania portuguesa, por isso não posso votar em Portugal. Não tenho acompanhado bem a campanha eleitoral em Portugal porque fico confusa com tantos candidatos, e não sei em quem acreditar,» revelou.
Mesmo assim, se pudesse votar, que partido escolheria?

Maria Tomásia pensou um pouco e depois referiu: «No Partido Socialista porque é o que mais se aproxima da minha filosofia política, o que, na minha opinião, se preocupa mais com o povo e com os seus direitos,» informou.

Operário e treinador de futebol, Edmundo Paulino, residente em Fall River, não pode votar, porque não se recenseou. «Não tenho tido tempo para ir ao Consulado. Para o ano caduca o meu passaporte, e então tenho que lá ir e vou aproveitar para me recensear, pois acho que é um dever cívico votar. E nós imigrantes temos essa regalia de votar em dois países, e muitas vezes não a aproveitamos. Se votasse agora no dia 20 de Fevereiro... as minhas cores são sempre laranja, independentemente dos nomes dos candidatos!» afirmou.

Teresa Costa, natural da ilha de Santa Maria, esteve no passado sábado na Sociedade Cultural Açoriana, para ver o Bailinho dos Amigos da Terceira, e disse que reside em Fall River há 17 anos. \"Quando estava em Portugal votava sempre. Não voto aqui porque não sou americana,\" referiu.
Ao lhe perguntarmos se votava em Portugal, ela admirou-se e disse: \"Não sabia que podia votar em Portugal!\"
E se votasse, qual o seu partido favorito?
Costa pensou, disse que o voto era secreto, \"mas votaria como a maioria dos marienses...\"
Manuel França, um continental nascido no Distrito de Aveiro, concelho de Estarreja, um dos fundadores da Sociedade Cultural Açoriana, informou que: \"Já recebi o meu boletim de voto e vou votar via Internet. Sobre a campanha eleitoral existem muitos partidos, o que a torna confusa. Em vez de darem tanto dinheiro aos partidos para a campanha, deviam olhar para outras causas mais necessárias. Espero que o PSD ganhe, porque não concordei com a dissolução do Parlamento,\" disse.
Natural da ilha Terceira (São Bento), mecânico de profissão, residente em New Bedford, Luís Fagundes disse que não ia votar em Portugal, mas vota aqui. «Não voto em Portugal, porque penso que só as pessoas que vivem lá é que devem votar. Não sei bem o que se está a passar por lá, e não vou sofrer consequências ou beneficiar do meu voto, por isso não acho justo o meu voto poder influenciar uma eleição em Portugal. Não podemos esquecer a nossa terra de origem, mas quem vive lá é que tem de decidir o futuro, como nós aqui o fazemos, porque estamos cá. Lá, eles que decidam...» afirmou.

O agente de viagens Liberal Batista, de Cambridge acha a campanha suja e com picardias entre os candidatos, o que não devia acontecer. «Eles parecem mais interessados em se criticarem mutuamente. Um dos males da política portuguesa são os ataques pessoais e há pouca abertura entre os adversários, que parecem que são inimigos. Voto em Portugal, mas o voto é secreto, se bem que apoio mais a laranja do que a rosa... Estas eleições não deveriam acontecer, e devem-se a um golpe baixo do Presidente da República,» disse.



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