O fornecimento de energia a uma das fracções do prédio comercial Cinzas, em Montalegre, continua a ser feita através de um contador de obras. Uma situação provisória que deve terminar assim que as obras estejam concluídas. E que está sujeita à existência de uma licença, que tem de ser renovada, caso as obras não sejam concluídas no prazo previsto. Porém, não foi o que aconteceu naquele edifício, onde estão instalados uma série de estabelecimentos comerciais. Muitas das lojas já estão ocupadas há mais de cinco anos e a situação de fornecimento de energia mantém-se. A maioria dos proprietários ainda não pagou um cêntimo de luz. A factura eléctrica, que no total ronda os 40 a 50 contos por mês, foi durante muito tempo paga pelo construtor do prédio. Mas desde Novembro de 2001 tem sido paga pelo ex-administrador do condomínio, Fernando Branco, que, apesar de ter abandonado essa função há alguns tempo, continua a pagar a factura \\"por consideração\\" a alguns amigos pessoais que têm lojas naquele edifício.

Esta situação foi desencadeada pelo facto de o primeiro projecto eléctrico do edifício ter ficado desactualizado antes de ser aprovado. Por isso foi necessário proceder à sua remodelação. Para o efeito, foi, inclusivamente, contratado um engenheiro electrotécnico. No entanto, este abandonou o processo, alegadamente porque \\"só ele é que estava interessado em resolver o caso\\". \\"Encontrei-me com várias pessoas que diziam estar interessadas em ultrapassar a situação, mas depois ninguém aparecia\\", conta o técnico.

Com o abandono do engenheiro, as obras necessárias para a conclusão da remodelação do sistema eléctrico do prédio ficaram \\"a meio\\", tendo apenas sido colocados alguns quadros. O especialista diz mesmo que \\"aquilo conforme está não tem segurança\\" e que \\"pode estar eminente um acidente\\".

Depois de estar concluída a remodelação, a instalação eléctrica terá ainda de ser certificada pela entidade responsável pela certificação de instalações eléctricas, a Certiel. Só depois será vistoriada pela EDP e ficará, assim, a situação regularizada.

\\"Atitude drástica\\"

A EDP, que permitiu que esta situação se arrastasse durante muitos anos, apesar da licença para o contador de obras ter caducado, garante que já fez \\"várias tentativas\\" para \\"regularizar\\" a situação. \\"A própria Câmara também está a tentar ultrapassar o problema\\", revelou Cândido Silva, da EDP do Porto, acrescentando que agora vão \\"impor\\" ao responsável pela obra \\"uma data limite para resolver o problema\\". Caso contrário, Cândido Silva garante que a EDP irá tomar uma posição \\"menos simpática\\", considerando mesmo a hipótese de ser cortado o fornecimento de energia ao prédio.

Cândido Silva justifica a benevolência da EDP com o facto de neste caso estarem implicados \\"terceiros [os proprietários das lojas]\\". \\"Temos de ter alguma sensibilidade\\", justificou.

O arrastamento desta situação agravou-se também com o facto do proprietário do edifício, Joaquim Cinzas, e a quem competia a resolução do problema, ter partido para os EUA. No entanto, ao que o Semanário TRANSMONTANO conseguiu apurar, agora a resolução do problema caberia a um empresário de Cabeceiras de Basto, Nuno Barreira, que comprou outra fracção do prédio e que se terá comprometido a fazer as obras necessárias para a aprovação do sistema eléctrico e a resolver outros problemas relacionados com infiltrações de água. Em contrapartida, Nuno Barreiro exigia a permissão de todos os condóminos para poder alterar a propriedade horizontal da fracção que comprara. Isto porque o fim que foi dado ao espaço é diferente do que consta no licenciamento.

O Semanário TRANSMONTANO tentou ouvir este empresário, mas Nuno Barreiro não prestou quaisquer esclarecimentos, respondeu apenas que não percebe \\"o interesse do jornal pelo caso\\".

Apesar da instalação eléctrica estar em situação irregular, o prédio tem licença de ocupação, um documento da responsabilidade da Câmara Municipal. Segundo o actual presidente da Câmara, Fernando Rodrigues, a licença foi emitida mediante uma \\"declaração de conformidade\\" do responsável técnico pela obra. Declaração essa que, conforme se pode constatar, ainda hoje não corresponde à verdade.



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