“Passou-se aqui o que já se passa há 12 anos. Todos os semestres da Primavera peço ao alunos de nível mais avançado que façam um projecto sobre um dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Desta vez foi Cabo Verde e neste dia os alunos dão a sua própria aula. É o meu maior risco como professor, mas acho que é bom, pois são eles que dizem o que aprenderam. Não aprenderam comigo nada, apenas aprenderam como aprender...,” afirmou José Costa.
Ericla Barbosa, presidente do Clube Português do BCC, nasceu em Cabo Verde, viveu em Lisboa e agora reside em Fall River, quer ser enfermeira e este é o segundo ano que frequenta aquele estabelecimento:
“Todos os anos fazemos uma apresentação de um país de língua portuguesa. Este ano foi sobre Cabo Verde. Alguns alunos fizeram apresentações como um projecto do Curso. Falámos sobre cultura cabo-verdiana, sobre a Independência de Cabo Verde e houve muita música do nosso país,” referiu Barbosa, para acrescentar que o Dia terminou com um almoço à portuguesa, no Restaurante T.A. em Fall River.
José Francisco Costa nasceu na vila das Capelas, ilha de São Miguel, frequentou o Seminário de Angra, completando o curso na Universidade Católica de Lisboa. Depois fez um bacharelato em História. Mais tarde optou pela Emigração e chegou aos Estados Unidos onde fez um mestrado na Brown University e “acabei agora o meu doutoramento em Linguística e Literatura Hispânica, concretamente em Listeratura Portuguesa com tese baseada num trabalho de investigação sobre Jorge de Sena,” referiu.
“Nós nunca acabamos nada na vida. Tenho outro projecto como toda a gente tem. Acabei este com o apoio da minha família, dos meus filhos, da minha mulher e de amigos que sempre me incentivaram,” disse Costa.
O que é ser professor hoje?
Costa considerou: “Hoje ser professor é um risco muito grande, não físico, porque viver nos dias de hoje é já um risco físico. As coisas estão a mudar. Temos outra mentalidade, pertencemos a outra cultura. Pensamos de outra maneira. Aprendemos de outra maneira. Tudo está a mudar — a tecnologia, os computadores, as mentalidades — Muda sobretudo o aluno. Ele não sabe bem o que quer. Nós que somos os professores, os pedagogos (em grego significa acompanhantes), temos que fazer
um grande esforço de actualização e, com muita humildade tentar acompanhar tudo isto e ser alunos com eles. O professor é o indivíduo que ajuda... Eu não estou a ensinar muito de língua portuguesa, eu quero passar a esta gente que está aqui a estima e o amor pelas raízes, que acho que faz parte da identidade de cada um, e é o pior que se pode perder.”
O ser professor é outro sacerdócio...
“É uma dedicação, como ser jornalista é uma dedicação também. Se todas as coisas forem feitas com alma e coração, com o sentimento de risco, consciente que se pode falhar hoje, amanhã e depois... é um sacerdócio. É imular alguma coisa,” referiu Costa.
Ele é ainda o director pedagógico da Escola Oficial Portuguesa de East Providence.
Antes, o novo doutor passou pelo SER/Jobs For Progress (Director do Programa Educação para Adultos), pela rádio... “Estive na rádio com todo o prazer. É um dos meus projectos inacabados. Não me importaria de começar uma estação de rádio na Ponta do Morro das Capelas...,” disse.
Capelas...
“Sim das Capelas. A tal raíz. É o sítio e o sítio que eu tenho, o que mais me diz. Capela é um igreja mais pequena, onde a gente se sente muito mais aconchegados....,” desabafou com a alma e o coração José Costa.
Também faz poesia, escreve livros, canta e toca guitarra... Publicou três livros, um de poemas, dois de contos... “Gostaria de não ficar por aqui, mas se ficar... quantas coisas nós não acabamos... Tinha gosto de escrever mais três ou quatro coisas, nomeadamente publicar a minha tese...



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