Dez mulheres e homens que querem ser bombeiros em São Tomé e Príncipe estão a realizar uma formação nas duas corporações de Santa Marta de Penaguião, para conhecerem os meios e procedimentos na emergência pré-hospitalar e incêndios.

Desde segunda-feira e durante 12 dias, os aspirantes a bombeiros vão estar nos quartéis de Santa Marta de Penaguião e de Fontes, uma iniciativa que se realiza no âmbito da geminação existente entre este município do distrito de Vila Real e Lembá, no Norte de São Tomé e Príncipe.

“Estamos a contribuir para adquirirem conhecimentos”, afirmou hoje Artur Cardoso, comandante dos bombeiros de Fontes, localidade instalada na serra do Marão, e coordenador municipal da Proteção Civil.

O responsável explicou que esta preparação vai incidir principalmente na emergência pré-hospitalar, que foi apontada como a necessidade maior naquele país africano, mas também abordará a questão dos incêndios florestais, embora esta seja uma ocorrência com menos expressão em São Tomé e Príncipe.

Hilária Nazaré, 40 anos, chegou a Santa Marta de Penaguião, concelho que se estende do Douro vinhateiro ao alto da serra do Marão, com uma certeza: “Quero ser bombeira oficial e ajudar a salvar vidas”.

Explicou que na sua zona não há muitos bombeiros, e, quanto à experiência em Portugal, disse que “está a ser boa”.

“É um trabalho muito difícil, mas com tempo a gente aprende”, referiu.

No quartel de Fontes, os santomenses tiveram contacto com os veículos e combate a incêndios e ambulâncias, ficaram a conhecer os utensílios e equipamentos que cada um tem e para que servem, treinaram manobras de suporte básico de vida e ainda como vestir o fato de combate a fogos.

Schneider Semedo, 31 anos, era guarda de jardim e disse que anseia por “salvar vidas, proteger o meio ambiente e apoiar a comunidade”.

No distrito de Lembá, que tem sede na vila das Neves, são, segundo contou, “muito poucos bombeiros”.

“Viemos aqui para Portugal para termos uma formação e representar o meu país. Lá há formação, mas aprendendo com pessoas mais experientes ainda se adquire mais conhecimento. Já aprendi aqui um pouco de salvar vidas, como lançar a mangueira, de tudo um pouco”, salientou.

Para já, nestes primeiros dias desta formação, aponta uma grande diferença entre os dois países: “Aqui é tudo corrida, corrida, corrida, os bombeiros não param”.

No seu país, contou, não há muitos incêndios florestais, pelo que a maior parte do trabalho dos operacionais está relacionada com a emergência e socorro.

Também Edmilson Manuel, 28 anos, ambiciona fazer parte dos bombeiros.

“Salvar vidas, apagar incêndios em florestas e casas e outras cosias”, salientou, explicando que “aqui há mais ambulâncias, ferramentas, equipamentos e mais colegas bombeiros”.

No regresso a casa, Edmilson quer levar “tudo aquilo” que aprendeu em Portugal para “ajudar lá”.

“É uma realidade diferente da nossa e muito difícil, e quando nós decidimos fazer um processo de geminação com Lembá foi com o objetivo de conseguirmos ajudar naquilo que nos é possível, ajudá-los a crescer, a formá-los e a tornar a vida deles melhor”, afirmou o presidente da Câmara de Santa Marta de Penaguião, Luís Machado.

O autarca anunciou que o seu município vai “enviar brevemente uma ambulância”, cedida pela Associação Humanitária dos Bombeiros de Santa Marta de Penaguião, para São Tomé e Príncipe.

“Mas, de facto, precisam de mais”, frisou, esperando que a formação que está a ser feita possa vir a “ter impacto”.

Artur Cardoso disse que, aqui, “tudo é novo” para os aspirantes a bombeiros.

“Esta agitação, esta entrada e saída das ambulâncias, o quererem também participar, e nós estamos cá também para ajudar”, sublinhou.



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