Bush, que durante a campanha eleitoral foi objecto de chacota devido ao seu costume de dar “pontapés na gramática”, teve durante o seu primeiro mês na Casa Branca uma trégua.
O facto deveu-se ao período de “lua de mel” com os órgãos de comunicação social em que Bush coloca toda a sua confiança mas, nas suas intervenções tem de recorrer constantemente às notas escritas, já que os seus acessores não o deixam improvisar.
Mas desde a sua primeira conferência de imprensa, na semana passada, o presidente dos Estados Unidos viu-se ante o perigo por diversas vezes, ainda que o seu àvontade tenha subido.
Bastantes das suas gaffes são intraduzíveis, ainda que outras possam explicar-se em poucas palavras.
Interrogado sobre a reunião que iria ter com o presidente colombiano, Andrés Pastrana, e que teve lugar na passada terça-feira, Bush disse literalmente, falando das plantações de coca: “estou preocupado com o aumento da superfície de cultivo de folhas de cacau”.
Um dia depois, e durante uma conferência de imprensa com Blair, Bush empregou uma palavra que não existe: “commonsensical”.
O presidente disse por diversas vezes que era “de sentido comum” ( “common sense”) que os EUA e os aliados da NATO colaborem para colocar em marcha um escudo anti-míssel que planeia a sua administração.
Tanto usou “common sense” que acabou por perder o sentido da mesma, e assim inventou uma nova palavra para a língua de William Shakespeare.
Na tarde de quarta-feira, durante a sua deslocação a Omaha (Nebrasca) para defender o seu programa de reforma fiscal, Bush tratou de realçar a sua firme intenção de eliminar o imposto de sucessões, chamado nos Estados Unidos “imposto sobre a morte” (“Death tax”).
Mas, simplesmente disse em seu lugar que se oponha à pena de morte. “Todos os que fazem a sua vida no sector agrícola compreendem quanto é injusta a pena de morte, por isso necessitamos de nos livrar dela”, afirmou.
O público pareceu não compreender o alcance da afirmação, já que respondeu com aplausos e aclamações. Foi o próprio Bush que rectificou o engano de imediato.
“Não quero eliminar a pena de morte, só o imposto sobre a morte”, disse Bush, que em seis anos como governador do Texas autorizou a execução de mais de 150 condenados.
A colunista do “Washington Post” e prémio Pulitzer Mary McGrory, tem centrado o seu trabalho em recompilar as incorrecções gramaticais (como a coordenação defeituosa de sujeito e verbo e o mau uso dos pronomes), questiona-se como é que o presidente pode insistir tanto na educação como sua primeira prioridade.



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