A Iberdrola apresentou como alternativas para a reposição da travessia Veral - Monteiros uma ponte pedonal ou uma passagem rodoviária na barragem do Alto Tâmega, após reivindicação da população e autarcas de Boticas e Vila Pouca de Aguiar.

No entanto, os dois presidentes de câmara manifestaram hoje a sua discordância em relação às soluções propostas porque defendem que “seja construída uma nova ponte de passagem pedonal entre Veral e Monteiros, mas sem que tal implique a exclusão da travessia de veículos automóveis no coroamento da barragem”.

Entre as aldeias de Veral (Boticas) e Monteiros (Vila Pouca de Aguiar), no distrito de Vila Real, a passagem pelo rio Tâmega é feita atualmente por uma ponte pedonal de arame.

Com a construção da barragem do Alto Tâmega, uma das três que constitui o Sistema Eletroprodutor do Tâmega (SET), concessionado à espanhola Iberdrola, esta ligação vai deixar de existir.

A ponte de arame entre Veral e Monteiros está contemplada na Declaração de Impacte Ambiental (DIA), mas apenas como um “elemento patrimonial”, pelo que, a concessionária Iberdrola teria apenas de a recolocar num outro local.

A reivindicação das populações e autarcas arrasta-se desde que se soube que a ponte pedonal iria ser retirada, sem uma alternativa para o atravessamento do rio Tâmega.

A Iberdrola apresentou no dia 30 de junho uma proposta com duas alternativas para garantir a travessia entre as duas povoações após o enchimento da futura albufeira.

Segundo explicaram os municípios, em comunicado, a primeira alternativa consiste na relocalização da ponte de arame apenas como uma ocorrência patrimonial e sem qualquer função de ligação pedonal entre as duas margens, contemplando, no entanto, a existência de uma passagem rodoviária mais curta que a atual, sobre o coroamento da barragem, assim como a construção de acessos em ambas as margens.

A outra alternativa prevê a construção de uma nova ponte, apenas pedonal, excluindo, contudo, a travessia de veículos, sendo o coroamento da barragem redefinido e adaptado apenas a uma via exclusiva para os trabalhos de manutenção da barragem.

Nesta alternativa, não haveria lugar à recolocação da ponte de arame como ocorrência patrimonial.

O presidente do município de Boticas, Fernando Queiroga, afirmou que “a passagem pública de veículos prevista sobre o coroamento da barragem nunca esteve em causa, nem muito menos dependente da construção, ou não, da travessia pedonal, pelo que nos opomos totalmente à retirada da função de circulação automóvel pública pelo coroamento da barragem”.

“A adaptação e beneficiação dos acessos em ambas as margens ao coroamento da barragem, para circulação automóvel, estão previstos no Plano de Ação para Compensação Socioeconómica e Cultural, para aproveitamento da barragem às características requeridas para utilização normal, o que inclui a adaptação da travessia por cima da barragem”, acrescentou o autarca de Vila Pouca de Aguiar, Alberto Machado.

Os autarcas já se pronunciaram junto da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e da e da Comissão de Acompanhamento Ambiental do Sistema Eletroprodutor do Tâmega (CAASET), manifestando a sua “discordância face a cada uma das propostas”.

Fernando Queiroga e Alberto Machado exigem ainda que seja cumprido o Plano de Ação para Compensação Socioeconómica e Cultural no que diz respeito à relocalização da ponte de arame como uma ocorrência patrimonial, através da “desmontagem e remontagem dos seus elementos constituintes e o restauro dos elementos da ponte”, preservando o seu valor cultural e patrimonial, embora sem qualquer função de ligação pedonal.

Questionada pela Lusa a APA confirmou que a Iberdrola Generacion S.A., na qualidade de proponente do projeto que inclui as barragens de Gouvães, Alto Tâmega e Daivões, apresentou à Agência e à CAASET uma nota técnica designada por “Apresentação de Alternativas, Ponte Veral Monteiros” na qual são indicadas as soluções alternativas para garantir a ligação entre as povoações após enchimento da futura albufeira de Alto Tâmega.

“Uma vez que esta nota técnica não integra a respetiva avaliação ambiental, a qual é determinante para efeitos da tomada de decisão por parte desta Agência, em articulação com as respetivas entidades competentes e câmara envolvidas, aguarda-se pela sua entrega, que permitirá completar a apreciação”, acrescentou.

De acordo com o calendário apresentado pela Iberdrola, a avaliação ambiental será entregue APA até 29 de setembro.



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