Recentemente publicou-se na internet a página web das Irmandades da Fala da Galiza e Portugal (IFGP) no endereço www.lusografia.org/ifgp, onde está também a correspondente à Associação de Amizade Galiza-Portugal e foram publicados vários artigos de opinião.

As Irmandades da Fala foram registadas no Reino da Espanha em 1983 e já com o epíteto “Da Galiza e Portugal”, na República Portuguesa, em 1991. Contrariamente ao que o seu nome parece indicar, não é uma congregação religiosa mas uma associação cultural lusófona, herdeira inteletual da histórica associação que, sob o mesmo nome, fora fundada 1916 e cujo labor resultou fundamental para ressurgimeto da cultura galega. Presentemente esta associação está integrada por personalidades portuguesas, galegas e de diversos países onde a nossa língua é nacional ou oficial. Portanto já não é uma associação restritamente galega mas lusófona.

Das atividades da IFGP salientamos a organização de congressos de língua, literatura e culturas lusófonas, abrangendo participantes de todos os países lusófonos e visando um melhor conhecimento mútuo, o intercâmbio de informação e a difusão da investigação em diversos campos do saber humano; Também é salientável a sua publicação de revistas (Nós, Cadernos do Povo, Temas de O Ensino e O Ensino) e livros de diversos temas (ensaio, poesia, teatro...). Durante os últimos 20 anos foi capaz de produzir mais de 60 títulos que acreditam a sua constância, dão fé do seu contributo à república das letras em português e demonstra a vontade da Galiza de fazer parte dessa comunidade que chamamos lusofonia. Veja-se no endereço www.lusografia.org/catalogoIFGP.htm

Foram também as Irmandades da Fala uma das primeiras entidades a empregar coerentemente o conceito de lusofonia, hoje de uso corrente. Foi reivindicado no Encontro de 1988 em Madrid, com presença de intervenientes de todos os países lusófonos, na casa do Brasil e com presença do embaixador deste país.

Outro aspeto relevante a comentar é o facto de ter sido a principal associação promotora da participação galega nos Acordos Ortográficos de 1986 (Rio de Janeiro) e 1990 (Lisboa) através da Comissão Galega do Acordo Ortográfico. Sabemos que esta participaçao foi contestada por inteletuais como Vasco Graça Moura (In: Novo Acordo Ortográfico: afinal, o que vai mudar?). Mas negar a língua portuguesa à Galiza é negá-la a uma parte substancial da velha Gallaecia, onde nasceu a língua. Uma forma de defender a língua é promover a unidade da escrita. E esta é uma caraterística definitória dos lusófonos galegos: a promoção a unidade ortográfica como elemento essencial de um discurso da necessidade, enquanto se admitem os regionalismos léxicos, a enriquecerem o conjunto do léxico da língua. Uma completa informação sobre os acordos ortográficos pode ler-se no endereço: www.lusografia.org/ao/index.htm

O Acordo Ortográfico de 1990 ficou sine die, não foi vigorado. Infelizmente há uma tradição portuguesa de intervenção política nos assuntos da norma linguística, o que tem vindo a prejudicar a autoridade das Academias. Melhor seria deixar os linguistas fazer o seu trabalho e manter os políticos longe destas questões. Um acordo ortográfico, por mínimo que seja, só pode trazer consequências benéficas para todos. Esta foi e será a linha defendida pelas Irmandades da Fala e outras associações lusófonas da Galiza.

Poucas entidades públicas e/ou privadas podem apresentar este currículo tão valioso. Por todos os motivos expostos parece conveniente conhecer o que têm feito e atender ao que podem fazer no futuro. O endereço para contactos é: [email protected]



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Na lhibrarie "Ler Devagar", an ne Bárrio Alto, Lisboua

Penicos expostos em Freixo