A alpinista luso-canadiana que subiu ao Evereste na semana passada disse hoje à agência Lusa que “temeu pela própria vida” ao ver um corpo na subida à montanha mais alta do mundo.

“Estava à espera de sentir uma grande alegria, mas na realidade, senti medo, temi pela minha vida, questionando-me mesmo de subir ao Evereste, arriscando a minha própria vida, quando me deparei com um corpo de uma pessoa”, descreveu Ema Dantas, que celebra este mês 55 anos.

A luso-canadiana, com a ajuda de oxigénio, tornou-se na sexta-feira, às 5:49 locais, na primeira pessoa de nacionalidade portuguesa a escalar aos Sete Cumes nas duas versões, que na realidade foram oito montanhas, ao concluir com sucesso o monte Evereste.

No Canadá desde os 4 anos, natural do concelho de Miranda do Douro (distrito de Bragança), Ema Dantas reconheceu que o principal desafio “foi o receio de alturas para atingir os 8.849 metros do Evereste”.

Esta aventura para consciencializar a sociedade para o problema da saúde mental, teve início em 2017 e devia terminar em 2021, mas devido a problemas de saúde, a empresária teve de abandonar a meio, não atingido o topo da montanha mais alta do mundo.

“Em 2021 fiz a caminhada até à base do acampamento. Mas logo no início, em Namche, senti alguns sintomas de problemas intestinais. Desta vez não tive nenhum problema de saúde, fizemos a observação do outro lado do Khumbu para subir ao Mera Peak, que também foi o nosso trajeto de climatização”, acrescentou.

Com a parte do lado chinês fechado aos turistas, em 24 de abril a luso-canadiana partiu novamente para o Nepal, para escalar os 8.849 metros acima do nível do mar, no Evereste.

Desde 04 de fevereiro até 24 de abril, Ema Dantas tem estado a dormir numa tenda privada do volume normal de oxigénio como parte do treino, praticando também num ginásio em Toronto especializado em montanhas.

A luso-canadiana regressa na próxima segunda-feira ao Canadá, onde será reconhecida em 28 de maio, pela Federação de Empresários e Profissionais Luso-Canadianos, com o Prémio Humanitário.

As sete montanhas mais altas de cada continente, que acabam por ser oito, pois a versão de Messner, considerada por muitos alpinistas como a mais legítima, troca o pico Kosciuszko (2.228 metros) na Austrália, incluído na lista de Bass, pela Pirâmide Carztensz, na Indonésia, com 4.484 metros.

Nos últimos quatro anos e meio, a luso-canadiana alcançou a Pirâmide Carstenz (Indonésia, 4.884), o Monte Kilimanjaro (Tanzânia, 5.895), o Elbrus (Rússia, 5.642), o Monte Vinson Massif (Antártida, 4.892), Anconcágua (Argentina, 6.961), Denali (Estados Unidos, 6.190) e o pico Kosciuzkzo (Austrália, 2.228).

Foi financiada através do setor privado nas várias expedições, inclusive os 67 mil dólares norte-americanos (55,4 mil euros) necessários para a viagem ao Nepal, na jornada ao monte Evereste.

A empresária e tradutora pretendia angariar 700 mil dólares canadianos (459 mil euros), fundos destinados ao Centro de Vícios e de Saúde Mental (CAMH) de Toronto e consciencializar o público para reduzir o estigma da saúde mental.

Em 2017, Ema Dantas criou a fundação Peaks for Change (Cumes da Mudança), instituição sem fins lucrativos sobre a saúde mental, escalando desde então os pontos mais altos do mundo para angariar fundos.

Apenas dois portugueses conseguiram atingir os cumes mais altos do mundo, o montanhista João Garcia (1999) e o piloto e alpinista Ângelo Felgueiras (2010). Maria da Conceição, em 2013, foi a primeira portuguesa a subir ao Evereste.



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