A vila de Vinhais, no distrito de Bragança, retoma este ano de forma presencial a feira que movimenta mais de seis milhões de euros em volta do fumeiro, anunciou hoje a Câmara Municipal.

Há 43 anos que Vinhais organiza o certame suspenso nos dois últimos anos devido à pandemia de covid-19 e que será retomado “nos moldes habituais”, entre 09 e 12 de fevereiro, com a expectativa de que se repita “o sucesso” das edições anteriores, com um média de cerca de 80 mil visitantes.

Os enchidos certificados com Indicação Geográfica Protegida (IGP) são a imagem de marca do concelho transmontano que vai receber, durante quatro dias, cerca de 500 expositores, 70 dos quais produtores do tradicional fumeiro.

O município, que organiza o evento junto com a Associação Nacional de Criadores de Suínos de Raça Bísara (ANCSUB), vai gastar mais “30 a 40 mil euros”, num total entre “250 a 260 mil euros”, devido ao aumento dos preços, que se reflete também no fumeiro.

O quilo dos enchidos de carne está cinco euros mais caro, com o salpicão a 45 euros, a linguiça a 35 e o butelo a 25. A alheira mantém o preço de 12,5 euros, segundo explicou hoje o presidente da Câmara, Luís Fernandes.

O autarca destacou, na apresentação da feira, que “a principal novidade é o facto de voltar a haver feira do fumeiro presencial em Vinhais” e que a expectativa é a de que “a feira volte a ser o sucesso que sempre foi, há 43 anos”.

Além do fumeiro, a feira tem também outros produtos regionais, tascas, demonstrações, exposições e espaço de debate sobre o setor nas habituais jornadas técnicas do porco bísaro, a raça responsável pela matéria-prima dos enchidos.

Pela importância do setor para o concelho, a autarquia dá apoios aos produtores da raça bísara e do fumeiro, nomeadamente ao nível da sanidade animal, transporte e abate no matadouro municipal, entre outros que, no ano de 2022, somaram 60 mil euros, segundo o autarca.

Para atrair pessoas para esta atividade económica, o município e a associação de criadores iniciaram a distribuição de leitões de engorda gratuitos para quem quiser dedicar-se à produção de fumeiro para participar na feira.

Já fora distribuídos 50 animais, de acordo com Pedro Fernandes, da ANCSUB, que salienta a importância de inverter a tendência de envelhecimento dos produtores no concelho sede do solar, Vinhais, onde o número desceu de 30 para cerca de 20, nos últimos anos.

A área geográfica de produção de fumeiro e da raça bísara ultrapassa as fronteiras do concelho de Vinhais e, atualmente, existem “à volta de 5.800 porcas reprodutoras em 150 explorações distribuídas por Trás-os-Montes, Minho, Beira Interior, Beira Litoral e Alentejo”.

Já a produção de fumeiro tem mais expressão nos concelhos de Vinhais e Bragança, com cerca de 70 produtores.

A associação contabilizou e acompanhou no controlo de qualidade “400 porcos bísaros” para garantir fumeiro certificado na feira, oriundo dos 70 produtores e pelas sete unidades industriais de transformação existentes nos concelhos de Vinhais e Bragança.

O leitão bísaro para assar tem também “muita procura durante todo o ano”, como salientou Pedro Fernandes.

O presidente da Câmara, Luís Fernandes, destacou o interesse dos vizinhos espanhóis no certame e considerou que se já estivesse construída a reivindicada ligação à Gudinã, em Espanha, seria possível atrair mais espanhóis, sobretudo da Galiza.

O autarca avançou que irá, mais uma vez, reiterar a reivindicação da inclusão desta ligação transfronteiriça nos investimentos nacionais, junto dos membros do Governo que habitualmente marcam presença na feira do fumeiro de Vinhais.



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