A realização da Feira do Fumeiro de Vinhais está posta de parte com a dimensão que ganhou em 40 anos, mas o município transmontano anunciou hoje que pondera a possibilidade de manter o evento com outros moldes.

O mês de fevereiro é a data habitual da feira do fumeiro que projetou este concelho do distrito de Bragança e, a quase três meses da próxima edição, a única certeza ditada pela pandemia covid-19 é que “dificilmente seria possível” repetir as enchentes dos anos anteriores com milhares de visitantes, gastronomia, espetáculos, concursos e centenas de expositores.

O cenário foi traçado à Lusa por Luís Fernandes, presidente da Câmara de Vinhais, a entidade organizadora em parceria com organizações do setor, que já começaram a preparar a época da fileira que movimenta anualmente cerca de 10 milhões de euros.

Muitos dos produtores regionais do fumeiro certificado trabalham para a feira e, nos quatro dias que o evento dura, escoam tudo o que produzem.

As restrições sanitárias da pandemia impedem a repetição do evento nas condições normais e, por isso, a Câmara Municipal está a criar condições para assegurar que os produtores vão conseguir escoar o fumeiro, como indicou à Lusa o autarca, Luís Fernandes.

Uma das possibilidades em estudo é “criar condições para haver venda presencial”, no habitual pavilhão municipal onde decorre a feira, e “ter só os expositores de fumeiro e haver entradas limitadas” de visitantes.

Paralelamente, a autarquia oferece também uma plataforma online de venda com a garantia de transporte e entrega das encomendas junto dos consumidores.

O presidente da Câmara salientou que “não é difícil os produtores venderem o fumeiro, até porque muitos têm clientes fixos de ano para ano”.

Devido ao contexto atual, o município entende que é necessário dar apoio, sobretudo aos pequenos produtores, para haver condições para que os clientes possam deslocar-se a Vinhais a levantar os produtos ou ser a autarquia a fazer chegar as encomendas aos interessados.

A época da produção do fumeiro começa em dezembro, depois das primeiras geadas, com o frio a propiciar o acender das lareiras que hão de fumar e secar os enchidos.

O presidente da Câmara disse à Lusa que tem notado que “o sentimento dos produtores é de preocupação tendo em atenção o contexto atual” e que “poderá haver alguns que tenham mais dificuldade”.

“Por isso é que estamos a motivá-los e a garantir que haverá forma de vender os produtos”, enfatizou.

Uma das medidas imediatas da autarquia é o apoio às matanças tradicionais, “um dos momentos marcantes ao nível do convívio social e familiar” neste concelho e que, este ano, “não é possível nem desejável, de forma a proteger a saúde de todos”, como alerta a autarquia.

A Câmara de Vinhais vai assegurar o transporte dos animais a quem manifestar essa intenção, para que a matança do porco seja feita no matadouro municipal, por metade do preço habitual do abate.

O presidente da Câmara de Vinhais, o socialista Luís Fernandes, entende que também o Governo tem uma forma de ajudar os produtores se atender à reivindicação da redução da taxa de IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado) para o mínimo de 6% para os produtos certificados com Denominação de Origem Protegida (DOP) ou Indicação Geográfica Protegida (IGP).

O município de Vinhais já fez chegar esta reivindicação ao Governo, assim como a Comunidade Intermunicipal (CIM) Terras de Trás-os-Montes.

A autarquia aponta a realidade do próprio concelho que tem nos produtos à base do porco Bísaro, uma raça autóctone também ela protegida, sete produtos tradicionais reconhecidos com IGP, nomeadamente o salpicão, a chouriça de carne, a alheira, o butelo, a chouriça doce e o chouriço azedo e o presunto.

HFI // ACG  Lusa



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