A possibilidade de o Hospital D. Luiz I, na Régua, poder vir a encerrar está a gerar uma onda de protestos entre a população. Para esclarecer as dúvidas, a direcção do Centro Hospitalar Vila Real/Régua, onde esta unidade está inserida, reuniu-se com os populares. A população compareceu ao encontro empunhando cartazes, onde se lia: \"queremos o nosso hospital\" ou \"o hospital é nosso\". E recebeu a direcção do Centro Hospitalar com palavras de ordem, que mostravam a sua discordância com o possível encerramento desta unidade de saúde.

\"Não vamos deixar cair o hospital aos pedaços nem deixar ninguém tirá-lo de nós\", frisou o padre Luís Marçal, da Liga dos Amigos do Hospital, acrescentando que \"o ratinho [o Hospital D. Luiz I] não será comido pelo monstro [o Hospital de São Pedro]. Luís Marçal mostrou-se \"preocupado\" com aquilo em que se poderá transformar este hospital.

Segundo o padre, o Centro Hospitalar \"começou de uma forma precipitada e envolta em várias confusões\". No entanto, Luís Marçal lembrou que quando o secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, Adão Silva, esteve em Vila Real, deixou a \"garantia\" de um apoio no valor de 250 mil euros para obras de beneficiação. \"Se o hospital fosse fechar, este subsídio não tinha razão de ser\", afirmou o padre.

Apesar de ocupar o cargo há apenas 15 dias, o director clínico do Hospital D Luiz I, Jorge Pinheiro, criticou na reunião a forma \"hostil\" como foi recebido. Segundo ele, a atitude dos populares \"contrasta com tudo aquilo que está a ser feito\" por esta unidade hospitalar. No entanto, o clínico reconheceu que \"o problema é muito mais grave do que aquilo que parece\". Jorge Pinheiro explicou que, tendo os hospitais de Vila Real e Peso da Régua sido transformados numa \"empresa\", terão de se debater com a concorrência de outros hospitais vizinhos, como o futuro hospital de Lamego, bem próximo de Peso da Régua.

\"Nunca se poderá comparar o Hospital de Peso da Régua ao Hospital de Vila Real\", disse Jorge Pinheiro. Mas \"o Hospital D. Luiz I terá de se modernizar e organizar para oferecer um serviço de qualidade\", acrescentou o clínico, dizendo que, para isso, \"será necessário fazer-se uma intervenção neste hospital, que irá ser orientado no sentido da padronização da qualidade, obrigando a que os actos praticados na Régua sejam iguais aos praticados em Vila Real\". Esta remodelação, que deverá ser feita \"o quanto antes\", será faseada, \"sob critérios de salvaguarda de estadia de doentes e funcionários\".

Após a remodelação física das instalações do hospital será feita uma \"articulação\" entre os hospitais de Peso da Régua e Vila Real, não só em termos de urgências como na área da telemedicina, um projecto a ser implementado.

O actual administrador do Centro Hospitalar de Vila Real/Peso da Régua, Henrique Capelas, admite que \"a realidade deste hospital não é a melhor\", mas garante que \"nunca se falou em fechar o hospital da Régua\". Por isso, ficou \"surpreendido\" com os cartazes que algumas pessoas empunhavam. E disse que \"com a ajuda que o Governo dará para a remodelação do Hospital D. Luiz I, este vai ficar certamente melhor do que é actualmente\".

Hospital \"esvaziado\"

O Centro Hospitalar Vila Real/Peso da Régua, que integra os hospitais das duas cidades, a 25 quilómetros de distância, foi criado pela Portaria 1199/2000 de 20 de Dezembro. Apesar de, neste momento, no Hospital D. Luiz I, na Régua, apenas funcionar o serviço de urgência, já em Maio do ano passado se começou a \"esvaziar\" esta unidade, com capacidade para um quadro de 20 médicos. Assim, há cerca de um ano, este hospital tinha ainda quatro especialistas, nomeadamente um internista, um pediatra, um cirurgião e um anestesista. O internista assegurava, na altura, o internamento, com capacidade para 33 camas.

Segundo o que o Semanário TRANSMONTANO conseguiu apurar, a secção de ortopedia, a funcionar até então naquele hospital, encerrou. Hoje, segundo funcionárias do Hospital D. Luiz I, as enfermarias estão todas vazias.

Relembre-se que o hospital de Peso da Régua foi um dos primeiros da região a ter um serviço de urgência e cirurgia 24 horas por dia, antes mesmo do Hospital de S. Pedro, em Vila Real.



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