A Douro Marina Hotel, sociedade do empresário Mário Ferreira, disse hoje que é “falsa e leviana” a acusação de que a unidade hoteleira que pretende construir em Mesão Frio coloque em causa o estatuto do Douro como património mundial.

“Em momento algum o parecer técnico consultivo elaborado pelo ICOMOS [Conselho Internacional de Monumentos e Sítios], a pedido da UNESCO, menciona, ameaça, ou aponta como uma consequência direta, ou indireta, da concretização do projeto Douro Marina Hotel, a perda de estatuto de Património da Humanidade à região do Alto Douro Vinhateiro”, destacou em comunicado o conselho de administração promotor do projeto.

Em causa está a construção de um hotel de cinco estrelas no lugar da Rede, concelho de mesão Frio, distrito de Vila Real, e que, segundo avançou o jornal Público no domingo, a Comissão Nacional da Unesco (CNU) considera que vai colocar em risco a paisagem do Douro vinhateiro na lista dos bens classificados em perigo, "abrindo caminho para uma futura exclusão da lista de património mundial".

Segundo a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), o procedimento de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) do projeto Douro Marina Hotel está em consulta pública até 29 de janeiro, e anteriormente já tinham sido apresentados dois Estudos de Impacte Ambiental, em 2016 e 2018.

O conselho de administração lamentou que “um excesso de voluntarismo ideológico resulte numa má informação do público, colocando sob a sombra do sensacionalismo um projeto de vital importância para o desenvolvimento turístico da região”.

“A Douro Marina Hotel e os seus acionistas irão aguardar serenamente o parecer final da CCDR-N mostrando-se, como sempre, disponíveis para dialogar e encontrar as soluções de compromisso necessárias para a melhoria do projeto”, assegurou.

“Importa salientar que a aprovação do atual projeto ocorreu numa fase em que o mesmo se encontrava sob a alçada de um outro empresário o Eng. Carlos Saraiva que o idealizou e não de Mário Ferreira”, acrescentou.

Segundo a Douro Marina Hotel, o ICOMOS produziu, no entanto, considerações técnicas onde é referido que “a proposta atual é volumetricamente exagerada e que poderá ter um impacto marcante na paisagem local”, sugerindo medidas de minimização dos impactos como a "redução de volumetria de construção", o uso de "materiais tradicionais compatíveis e em harmonia com a paisagem urbana local" ou "evitar a construção do campo de golfe e respeitar a morfologia do terreno".

A Douro Marina Hotel manifestou estar “plenamente de acordo” com as sugestões da ICOMOS, e que propôs o mesmo, em parceria com a Câmara de Mesão Frio, para uma possível alteração ao Plano de Pormenor da Rede em março de 2014.

E acrescenta que “a proposta apresentada teve um parecer desfavorável por parte da CCDR, o que na prática obrigou a manter em vigor o projeto previamente aprovado e todas as suas características”.

O comunicado sublinhou também que o projeto para a unidade hoteleira surgiu na sequência do desafio lançado pelo Governo Português para o investimento turístico na região do Douro, e que “a sua importância fica claramente vincada pela atribuição ao mesmo do estatuto de Projeto de Interesse Nacional em 2005 e que se encontra ainda em vigor”.

“O projeto Douro Marina Hotel encontra-se em plena conformidade não só com o Plano de Pormenor da Rede, como também com o Plano Diretor Municipal de Mesão Frio, o Plano Intermunicipal de Ordenamento do Território do Alto Douro Vinhateiro (PIOTADV), e com o Plano de Ordenamento das Albufeiras da Régua e do Carrapatelo (POARC)”, atirou ainda.

O presidente da Associação de Turismo do Porto e Norte, Luís Pedro Martins, defendeu hoje uma solução de equilíbrio que garanta a sustentabilidade do projeto de Mário Ferreira em Mesão Frio, mas não prejudique o Douro como património mundial.

A Liga dos Amigos do Douro Património Mundial (LADPM) alertou hoje para o risco de o projeto de Mário Ferreira colocar em causa a classificação do Douro pela UNESCO.

DYMC // MSP Lusa



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