Os funcionários da Misericórdia de Ribeira de Pena vão receber menos dez por cento ou deixar de receber subsídios de férias e Natal. O provedor garante que é o «último recurso» para salvar a instituição. O Sindicato da Função Pública diz que é ilegal.

A decisão foi comunicada aos 128 funcionários na passada sexta-feira, pela mesa administrativa. \\"Toda a gente concordou. A única discordância foi na forma dos cortes. Uns optaram pelo corte no vencimento outros por não receber subsídios de férias e Natal. Mas toda a gente está a trabalhar e não há clima de animosidade. Foi consentido, nada é forçado\\", garantiu, ao JN, o provedor da instituição, João Pereira.

O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública, José Abraão, considera, no entanto, que a decisão é \\"inaceitável\\" e \\"ilegal\\". \\"Os cortes [do Governo] não são para o sector privado e muito menos para o sector das Instituições de Particulares de Solidariedade Social\\", defende o sindicalista, revelando que já foi dado conhecimento dos \\"cortes arbitrários e ilegais\\" ao inspector-geral do Trabalho e à ministra do Trabalho e da Segurança Social.

Ao contrário do provedor, José Abraão garante que os trabalhadores estão \\"revoltados e indignados\\" e que foram \\"forçados a assinar o acordo porque queriam receber o salário de Janeiro que ainda não tinham recebido\\".

Para João Pereira, os cortes agora decididos são a \\"única hipótese\\" para evitar o encerramento de alguns serviços da instituição, que garante estarem a dar \\"prejuízos enormes\\". \\"Há muitas misericórdias na nossa situação, só que não têm coragem de fazer a ruptura\\", afirma o provedor, garantindo que as participações do Estado por utente não chegam para cobrir as despesas. \\"E, como se sabe, na região as pessoas também não podem pagar. A maioria ganha a chamada pensão social\\", frisa.

De acordo com João Pereira, o défice da instituição já vem de há muito tempo, embora se tenha avolumado com a criação de dois novos serviços, como a Unidade Física de Reabilitação e a Unidade de Cuidados Continuados (UCC).

Segundo o provedor, só a UCC dá um prejuízo anual de 100 mil euros, resultado de uma comparticipação que não vai além dos 57 euros por utente. \\"Isso não dá de maneira nenhuma, até pelo quadro de pessoal que somos obrigados a ter e que é estipulado pelo Ministério da Saúde\\", conclui.



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