O presidente da Câmara de Mogadouro, António Pimentel, reiterou hoje que a água de abastecimento público e a que é utilizada nas piscinas municipais “é de qualidade” para a população do concelho, no distrito de Bragança.

“De acordo com os resultados [das análises], Mogadouro está a fornecer água com qualidade. Isto não quer dizer que num parâmetro ou outro não haja alguma falha, mas que de imediato é resolvido. A rede de abastecimento de água é comprida, pode o cloro não estar a chegar com a intensidade devida a determinado ponto e daí os ajustes”, explicou à Lusa o autarca social-democrata.

António Pimentel respondia a um pedido de esclarecimento, solicitado na quinta-feira, pela Comissão Política do PS de Mogadouro, que questionava a qualidade da água neste concelho após a operação “Gota d’Água”, desencadeada pela Polícia Judiciária (PJ) em novembro.

Os socialistas de Mogadouro pretendiam, desta forma, “garantias cabais” por parte da autarquia sobre a qualidade da água para consumo humano e para lazer no concelho, como é caso das piscinas de Mogadouro e do Cardal do Douro.

“As escutas reveladas pela CMTV no programa ‘Doa a Quem Doer’, emitido pelo canal em 04 de janeiro, indicavam dados imensamente preocupantes para o concelho de Mogadouro: a presença de níveis elevados de alumínio na água para consumo humano na vila de Mogadouro e a presença de coliformes fecais nas piscinas de Mogadouro e Cardal do Douro”, indica uma nota enviada à Lusa pelo PS de Mogadouro.

Para o PS, esta situação é considerada “uma questão de saúde pública”.

O presidente da Câmara de Mogadouro disse ainda que o Laboratório de Trás-os-Montes era uma entidade acreditada e a mesma que fazia as análises à água do concelho nestes últimos dois anos, mas também durante os oito de gestão autárquica do PS (2013-2021).

“Vamos aguardar a chegada dos resultados das análises no novo laboratório contratado, se tiver de haver correções a fazer, de imediato serão corrigidos”, acrescentou.

O autarca disse que ainda hoje será emitido um edital dirigido à população do concelho a dar conta de toda esta situação relacionada com a qualidade da água.

António Pimentel já havia referido que, antes da operação “Gota d’Água”, que teve por objeto a atividade “fraudulenta de um laboratório responsável pela colheita e análise de águas” destinadas a consumo humano, águas residuais, águas balneares, piscinas, captações, ribeiras, furos e poços, a informação que o município recebia do Laboratório de Trás-os-Montes era a de que “a água era boa para utilização humana”.

O autarca social-democrata acrescentou que “anualmente os serviços da autarquia apresentavam um plano de controlo da água à Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR)”.

Para António Pimentel, foi “uma surpresa desagradável” ter conhecimento da atividade alegadamente fraudulenta do laboratório, já que se tratava de uma estrutura na qual “50% do capital era de autarquias, embora a gestão fosse da empresa que detinha os outros 50%”.

O CM contava à data que “a forma como o Laboratório de Trás-os-Montes ‘martelava’, na sua própria linguagem, o resultado das águas de consumo e residuais pôs em risco, durante anos, a saúde pública, não apenas da região transmontana, mas de muitas outras zonas do país”.

O laboratório de Mirandela anunciou em 27 de novembro a suspensão por tempo indeterminado da sua atividade.

No âmbito da operação “Gota d'Água”, a PJ deteve 20 pessoas - mas o processo ficou depois com 19 arguidos detidos - e realizou 60 buscas a entidades públicas e privadas.



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