A língua mirandesa vai estar em destaque num concurso espanhol que valoriza as memórias escolares do mundo rural da região de fronteira entre o Planalto Mirandês e a região espanhola de Castela, foi hoje divulgado.

“Este concurso valoriza as memórias vividas nas escolas rurais de Portugal e Espanha e distingue-se, este ano, pelo reconhecimento do mirandês como uma das línguas aceites para participação”, disse à agência Lusa Suzana Ruano, da Associação de Língua e Cultura Mirandesa (ACLM).

Este concurso procura recolher testemunhos de antigos alunos e professores que frequentaram ou lecionaram em escolas situadas em meios rurais dos dois países.

“O concurso procura pessoas que escrevam sobre as suas experiências, seja como professor, seja como aluno. Eu própria estudei numa escola do interior e verifiquei que há diferenças nos métodos de ensino na cidade”, indicou Suzana Ruano.

A edição de 2025 do Prémio Memória Escolar Rural, uma iniciativa promovida pelo município de Fonfria, uma localidade espanhola que faz fronteira com Miranda do Douro, conta com apoio científico do Observatório Social da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Salamanca.

“O objetivo é preservar a memória educativa que moldou gerações longe dos grandes centros urbanos e este ano com enfoque no mirandês”, indicou este membro da ACLM.

A valorização do mirandês, ao lado de línguas como o catalão, galego, basco, valenciano, castelhano e português, representa um passo importante no reconhecimento da diversidade linguística e cultural da Península Ibérica, na opinião de Suzana Ruano.

“Encaramos este desafio como um reconhecimento da língua mirandesa como uma valorização deste idioma peninsular, porte dos espanhóis. Mirandês acaba por ser, igualmente, a ‘lhengua’ dos avós das pessoas que estão do outro lado da fronteira”, explicou Suzana Ruano.

Entre os apoiantes desta iniciativa estão ainda a Diputación de Zamora, a Fundação Fomento Hispania e várias associações culturais de Aliste (Espanha) e das Terras de Miranda (Portugal), como a Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino (AEPGA) e a ALCM.

O prazo para envio dos testemunhos decorre até 31 de maio de 2025.

Os originais podem ser submetidos em espanhol, português ou nas restantes línguas cooficiais dos dois países, com destaque especial para o mirandês.



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