O presidente da Câmara de Mesão Frio, Alberto Pereira, mostrou-se hoje resignado, mas preocupado, com as consequências económicas resultantes da inclusão do concelho na lista de risco elevado de transmissão do novo coronavírus.

“Tenho de aceitar, mas estou bastante aborrecido e triste, porque isto traz implicações para o comércio local. Estamos há oito meses quase numa ilha”, disse Alberto Pereira à agência Lusa.

Precisamente por ser considerada uma “ilha” entre concelhos com elevada taxa de incidência de casos de infeção pelo novo coronavírus, que provoca a covid-19, é que o município foi incluído na lista de 121 concelhos onde, a partir de quarta-feira, são implementadas mais restrições, como o dever cívico de recolhimento domiciliário, novos horários nos estabelecimentos e a suspensão de feiras e mercados.

No distrito de Vila Real, 11 dos 14 concelhos estão incluídos na lista anunciada no sábado pelo Governo: Alijó, Chaves, Mesão Frio, Mondim de Basto, Murça, Peso da Régua, Ribeira de Pena, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, Vila Pouca de Aguiar e Vila Real.

De fora desta lista ficaram os municípios de Boticas, Montalegre e Valpaços.

Alberto Pereira garantiu que no seu concelho são “cumpridas escrupulosamente” todas as regras de segurança e higiene e acrescentou que Mesão Frio já tem os “cafés a fechar às 22:30 há dois meses”.

“Portanto, essa medida não vem alterar em nada aquilo que nós já praticamos. Agora, por exemplo, a suspensão das feiras claro que é prejudicial porque é um dia de muito negócio”, sublinhou.

O concelho retomou a realização da feira semanal em junho, com um “rigoroso” plano de contingência que impôs o uso obrigatório de máscara, vigilância apertada e aconselhamento de desinfeção constante das mãos.

Uma “vigilância apertada” que se estende a todo o concelho e que "tem contribuído" para o número de casos registado no município, nomeadamente dois ativos, mas que, segundo o autarca, não vivem nem foram infetados em Mesão Frio”, e 20 positivos desde o início da pandemia.

O autarca socialista disse estar preocupado com as consequências da suspensão da feira para o comércio local, que apontou já estar numa “situação muito complicada”.

“O comércio local definhou durante os meses em que estivemos em confinamento e agora (…) já está outra vez a passar um mau bocado”, frisou.

Alberto Pereira considerou que “cada caso devia ser analisado individualmente” e não com base no “critério da vizinhança”.

Os concelhos abrangidos pelas medidas delineadas no Conselho de Ministros de sábado têm mais de 240 casos de infeção com o vírus da covid-19 por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias e será este o critério que servirá para atualizar a lista de municípios sujeitos a medidas restritivas a cada 15 dias, seguindo um princípio definido pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças. Há uma exceção para surtos localizados em concelhos de baixa densidade.

Duas outras medidas aprovadas no sábado abrangem todo o território continental e não apenas estes 121 concelhos: limitação de grupos de seis pessoas nos restaurantes e prolongamento da situação de calamidade por mais duas semanas.



PARTILHAR:

Autarca de Vila Real resignado com inclusão na lista de risco elevado

Maioria dos cemitérios abertos mas com restrições e proibições