O uruguaio Mauricio Moreira (Efapel) foi hoje o primeiro na Senhora da Graça, na nona e penúltima etapa da Volta a Portugal em bicicleta, aproximando-se da camisola amarela, que continua com Amaro Antunes (W52-FC Porto).

Após os 145,5 quilómetros entre Boticas e o Monte Farinha, em Mondim de Basto, Moreira cortou a meta em 3:47.36 horas, menos oito segundos do que Amaro Antunes e 14 do que Joni Brandão (W52-FC Porto).

Na geral, Antunes, vencedor em 2020, tem 42 segundos de avanço sobre Mauricio Moreira e 55 do que Frederico Figueiredo (Efapel).

A 82.ª edição da Volta a Portugal termina no domingo, com um contrarrelógio de 20,3 quilómetros em Viseu.

Fotografia: João Fonseca DR

Classificação geral da etapa (provisória):

1º Mauricio Moreira (Efapel) - 3:47:36 horas

2º Amaro Antunes (W52-FC Porto) - a 8 segundos

3º Joni Brandão (W52-FC Porto) - a 14 segundos

 

Declarações no final da nona etapa da 82.ª Volta a Portugal em bicicleta, disputada hoje entre Boticas e o alto da Senhora da Graça, no total de 145,5 quilómetros:

 

Mauricio Moreira (vencedor da etapa e segundo classificado da geral individual): “Para mim, foi uma alegria muito grande. Entrar na subida e ver tanta gente lembrou-me de quando era pequeno e via as corridas pela televisão. Acho que naquele momento não acreditava que estava ali e ainda menos que podia vencer uma etapa.

Ouvir o meu nome na subida, tendo em conta que estou aqui há tão pouco tempo, para mim é uma alegria muito, muito grande. Tenho de agradecer a toda essa gente que torce tanto pela Efapel e por mim e, sobretudo, agradecer aos meus companheiros, que fizeram o trabalho duro e deixaram tudo na estrada, tanto para [que eu ganhasse] a etapa como para eu fazer o melhor possível [na geral].

Sem dúvida, que sei que posso andar bem no contrarrelógio, mas, como tenho dito, é a primeira vez que corro uma Volta tão grande. Vou dia a dia, a ver como responde o corpo, mas acredito em mim para fazer um bom contrarrelógio.

Estou-me a sentir bem, mas é uma Volta longa, o corpo pode sofrer uma quebra, mas, sem dúvida, que gosto dos contrarrelógios e amanhã [domingo] vou dar tudo.

[É possível destronar Amaro Antunes?] Os lugares estão fortes, mas acredito que posso conseguir.

A verdade é que aqueles 40 segundos [de penalização] deixaram-me muito mal naquele momento. Não acho muito justo [a penalização]. Não somos máquinas. Depois de 170 quilómetros apanhar uma água… às vezes, acontecem coisas muito piores, e os ciclistas não levam essas penalizações. Mas já falámos sobre isso, já passou, estamos nesta situação e vou tentar dar tudo para agradecer à equipa e aos meus colegas.

Para mim, o nosso líder sempre foi o António e o Fred também. Vinham à Volta com esse objetivo. Hoje, quando vi que eles estavam a hipotecar as suas oportunidades para me ajudarem, senti um bocado de pressão, mas também foi uma motivação para dar o melhor de mim e agradecer-lhes o trabalho que estavam a fazer.”

 

Amaro Antunes (líder da geral individual): “Hoje, foi um dia em que estava tudo a correr como planeado e tive aquele percalço no final, que me saltou o pé junto à baia, quase que me mandava ao chão. Ainda consegui minimizar as perdas, porque podia ter sido pior.

Amanhã [domingo], temos um dia bastante importante, é para arrancar à morte e chegar a morrer. Será um contrarrelógio bastante rápido, e até ao final tudo pode acontecer.

Claro que sim [a camisola amarela dá força extra]. No ano passado, saí também com esse intuito. Sair de amarelo é excecional. Vamos estar concentrados, com bastante foco e acreditar na vitória final.

[Mauricio Moreira principal adversário] Sim. Ontem [sexta-feira], na parte final, aconteceu um percalço, ele saltou de trás e surpreendeu e eu não queria que isso acontecesse. Hoje, estava tudo a correr na perfeição, até àquele momento dos 500 metros, que me saltou o pé, quase me manda ao chão. Quebrou um pouco o ritmo. Depois, foi ter calma, respirar fundo, e saber que tinha de minimizar espaço e não entrar em stress. Acabo por perder oito segundos.

É melhor estar na frente do que estar atrás. Eles é que têm de recuperar tempo, só tenho de me manter.”

 

Joni Brandão (quarto classificado da geral individual): “Uma etapa bastante positiva, em que não conseguimos ganhar tempo, mas estamos com a camisola amarela, que é o mais importante.

O importante é amanhã [domingo] conseguirmos ser os vencedores da Volta a Portugal. Fizemos de tudo para conseguir ganhar tempo e a etapa, mas houve um ciclista que foi mais forte.

[Mauricio Moreira] vinha bastante rápido quando passou por mim, apanhou-me desprevenido, mas agora, olhando para a classificação, em que o Amaro tem 42 segundos de vantagem, dá para dormir descansados. Não está ganha, mas temos uma forte possibilidade de ter a vitória na mão e o mais importante e o nosso objetivo principal é vencer a Volta e está tudo nas nossas mãos. Somos líderes, não temos de correr atrás do prejuízo.”

 

Alejandro Marque (quinto classificado da geral individual): “Sabia que se chegasse com um pouco de vantagem quando eles [W52-FC Porto] começassem a atacar, podia ir com eles. Faltaram-me pernas na parte final, é normal. A etapa no Barreiro foi com um ritmo muito elevado, tive de sofrer muito ali. Depois, tive de ‘tapar’ espaços e dar a cara desde muito cedo, e isso na parte final paga-se.

Quando dás tudo, tens de estar contente. Estou numa posição em que posso estar na disputa pelo pódio. Acho que, a não ser que aconteça um azar ou uma avaria mecânica, o Mauricio será um justo vencedor da Volta a Portugal.

Eu acho que a fortaleza que ele [Moreira] está a demonstrar, faz-me lembrar o David Blanco.

Penso que poderei lutar pelo pódio, estou na minha praia [no contrarrelógio]. Até agora, tive de remar contra a maré, porque não era o meu terreno. Agarrei-me com unhas e dentes, sofri muito, porque me fizeram sofrer muito. Cheguei aqui graças aos meus colegas também.”



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