A inauguração do Hospital de Valpaços no domingo conclui anos de luta pela reabertura desta unidade de saúde que criou 66 postos de trabalho e representou um investimento de cinco milhões de euros, anunciou hoje a Misericórdia local.

“É um dia histórico para o concelho e para a região. Foi um projeto possível de concretizar com muita luta, muita perseverança”, afirmou à agência Lusa o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Valpaços, Altamiro Claro.

O hospital já está em “pleno funcionamento”, mas a pandemia de covid-19 atrasou a festa de inauguração, marcada agora para domingo, dia 06 de novembro, e que contará com a presença do ministro da Saúde, Manuel Pizarro.

Encerrado em 2011, o hospital sofreu obras de remodelação e ampliação no valor de cinco milhões de euros, financiados pela Santa Casa e pela Câmara de Valpaços e as valências foram abrindo faseadamente.

“Consideramos que era uma aposta estratégica a sua reabertura”, salientou o provedor, explicando que, em 2016, foi feito um acordo entre a Misericórdia, município e Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N) e que as obras ficaram concluídas há cerca de dois anos.

Depois do fecho da unidade seguiram-se anos de luta e de reivindicação por parte da população, Misericórdia e Câmara de Valpaços, sendo que, desde que assumiu a presidência da autarquia em 2013, o autarca Amílcar Almeida assumiu como prioridade a reabertura deste hospital.

A unidade de saúde dispõe de bloco operatório, internamento, consulta externa, medicina física e de reabilitação que atende já uma média de 90 pessoas por dia, tem ainda serviço de atendimento permanente (SAP) e o serviço de imagiologia, onde são feitos todos os exames menos a ressonância magnética.

“Temos consultas externas com praticamente todas as especialidades”, salientou o provedor, que destacou ainda as “cerca de 900 cirurgias realizadas este ano”.

O hospital tem ainda uma unidade de cuidados continuados de média duração e reabilitação com 22 camas.

“Considero este o maior projeto de luta contra a desertificação que se fez aqui na região”, frisou, apontando a fixação de enfermeiros ou técnicos que “vieram do estrangeiros ou das grandes cidades, como Lisboa e Porto”.

Nesta unidade trabalham 66 pessoas, entre administrativos, auxiliares, enfermeiros e médicos, no entanto, segundo o provedor, muitos serviços são partilhados com as restantes valências da Misericórdia, como a cozinha, lavandaria, transportes ou secretaria.

A Santa Casa tem um total de 260 funcionários e um orçamento de 10 milhões de euros.

O hospital é social, mas tem acordos com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e com a maior parte das seguradoras.

Entre os acordos com o SNS, o provedor destacou o CTH - Consulta a Tempo e Horas, um sistema eletrónico de referenciação de pedidos de primeira consulta de especialidade hospitalar, bem como do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), que visa combater as listas de espera.

A unidade abriu as portas em 1946 e, segundo Altamiro Claro, esta foi, durante muitos anos, a “única resposta de saúde” na região.

Apesar de ser privado, o hospital funcionava como se fosse público devido a um acordo que a Misericórdia mantinha com a ARS-N, o qual cessou em 2011.

O hospital acabou por fechar e, na altura, foram realizadas várias manifestações por parte da população local que exigia a sua reabertura.

A inauguração do hospital da Misericórdia está inserida nas comemorações do dia do município de Valpaços, no distrito de Vila Real.

Fotografia: António Pereira



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