A realidade dos emigrantes portugueses nos países europeus com forte tradição migratória tocou os extremos: há emigrantes «sem abrigo, em condições muito complicadas», e outros que mantém elevados rendimentos, mas que «estão a ser incentivados pelos bancos a transferir verbas dos bancos portugueses para offshores», denuncia Manuel Beja, líder de uma organização que acompanha as comunidades lusas no mundo.

Em declarações à Antena 1, Manuel Beja faz uma denúncia para os casos de pobreza extrema que afeta alguns emigrantes portugueses e lança um alerta ao Banco de Portugal e ao Estado, para que analises a transferência de verbas dos emigrantes portugueses, que estão a transferir as suas poupanças para paraísos fiscais.

O líder da Comissão Permanente de Assuntos Sociais e Fluxos Migratórios do Conselho das Comunidades Portuguesas, Manuel Beja, revela que tem testemunhado casos de pobreza elevada ao limite, em países com forte fluxo de emigração.

“Estamos a atravessar uma crise muito complicada... Tenho andado pela Europa fora e tenho visto portugueses sem abrigo. Não apenas na Suíça, mas em França, Luxemburgo e Inglaterra”, alerta Manuel Beja, em declarações à Antena 1.

No outro extremo estão emigrantes com grandes rendimentos que estão a ser desviados de Portugal para paraísos fiscais. “O fim da conta poupança emigrante abriu caminho aos offshores”, refere Manuel Beja.

“Portugal acabou com a conta poupança emigrante, para dar possibilidade aos offshores. Os portugueses deixaram de enviar o seu dinheiro para bancos portugueses e, pelo contrário, estão a retirar enormes verbas dos bancos”, denuncia.

“É difícil apontar o montante em causa”, segundo sustenta, mas, “era bom que o Banco de Portugal e as entidades que têm balcões na suíça controlassem esta situação”, que é lesiva para os interesses portugueses.

Muitas das remessas de dinheiro que teriam como destino as contas bancárias “acabam por ser desviadas pelos próprios bancos para contas offshore. Esta é a realidade. Espero que o Estado aprofunde esta questão”, diz Manuel Beja, àquela rádio.

Outro dado relativo à emigração provém de casos de emigrantes portugueses na Alemanha que “estão a ser incentivados a não enviar verbas para os bancos portugueses, e mesmo para retirar as verbas que têm”, como forma de “protesto contra medidas do Governo, como o encerramento de serviços consulares”.

Manuel Beja não dá credibilidade ao número de novos emigrantes adiantado por José Cesário, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. Não há um registo fiável de portugueses que partem para o mundo à procura de uma oportunidade, porque “o Estado português nunca fez o recenseamento de emigrantes”. Nesse sentido, indica, “o número 100 mil portugueses que emigraram não corresponde à verdade”.



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