O Governo reconheceu hoje a importância estratégica do troço da Linha Douro entre as estações do Pocinho e da Barca d' Alva, considerando-a “importante” para a "coesão territorial" devido ao seu património natural, cultural e económico.

"Trata-se de um troço de linha férrea importante para este território [do Douro Superior], quer do ponto de vista turístico, cultural e ambiental e pela possibilidade de haver ligações com Espanha, que possam potenciar o comércio fronteiriço", disse à Lusa a secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira.

Na sexta-feira foi constituído um grupo de trabalho que vai analisar a possibilidade da reabertura do troço da Linha do Douro entre o Pocinho (Vila Nova de Foz Côa) e Barca d' Alva (Figueira de Castelo Rodrigo), que junta várias entidades.

Isabel Ferreira disse que este grupo junta a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), Infraestruturas de Portugal e Comissão Intermunicipal (CIM) do Douro, tendo como objetivo analisar o modelo que melhor servirá um projeto de uma linha de caminho-de-ferro importante para o território.

A secretária de Estado remeteu mais informações sobre a iniciativa para as conclusões do recém-formado grupo de trabalho sobre a possível ligação do troço que liga a estação de Barca d'Alva com Espanha (estação de Fuentes de San Esteban).

"Não podemos agora adiantar mais nada porque tenho de deixar que o grupo de trabalho analise o que está em cima da mesa. Em breve voltaremos a falar sobre as primeiras reuniões deste grupo de trabalho para ver o que se vai seguir. Este grupo de trabalho vai atuar dentro território português", explicou Isabel Ferreira.

A secretária de Estado da Valorização do Interior garante que as pessoas reconhecem a importância deste troço ferroviário.

Para a governante, é preciso explorar o potencial turístico que este troço da Linha do Douro tem nas suas mais diversas vertentes, não só ponto vista sustentável, mas também socioeconómico.

Por seu lado, os autarcas da Comunidade Intermunicipal (CIM) Douro apontam a procura crescente de turistas pela Linha ferroviária do Douro e as necessidades decorrentes da reativação das minas de Moncorvo, a nível do transporte de mercadorias.

Já o Museu do Douro reuniu 13.999 assinaturas em defesa da requalificação e reabertura da Linha do Douro (Ermesinde - Barca d'Alva) e subsequente ligação a Salamanca (Espanha).

A ferrovia foi ainda apontada como uma prioridade no plano estratégico da CIM do Douro, que agrega 19 municípios.

A Linha do Douro desenvolve-se ao longo de 191 quilómetros, de Ermesinde (Porto) a Barca d´Alva (Guarda). O encerramento da ligação internacional ocorreu em 1985 e o lanço entre Pocinho e Barca d´Alva encerrou em 1988. A eletrificação está concretizada até Marco de Canaveses (Porto).

A Associação Vale d'Ouro considerou, no início de março, inexplicável que a Linha do Douro "esteja fora" do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e defendeu que a sua reativação até Salamanca, Espanha, promoveria novas oportunidades de negócio para a região.

A associação Vale d'Ouro, sediada no Pinhão, concelho de Alijó, distrito de Vila Real, participou na consulta pública do PRR proposto pelo Governo, defendendo o investimento na Linha do Douro como "o motor de recuperação da economia na região e uma ferramenta que permitirá alcançar maior resiliência a desafios futuros".

Segundo um especialista em ferrovias consultado pela Lusa, o troço de linha que liga a Estação do Pocinho a Barca d’Alva foi construído em 1887, foi uma das grandes obras de engenharia ferroviária da Península Ibérica e funcionou quase um século, tendo encerrado em 1985.

Este troço insere-se num traçado de cerca de 30 quilómetros por entre túneis e pontes "de grande imponência", mas está ao "abandono".



PARTILHAR:

Vila Real quer ver corrigido erro histórico que tirou comboio à cidade

Associação contra mina de lítio em Boticas lamenta conformidade de Estudo Ambiental