A Fundação do Museu do Douro, Régua, vai ser presidida por António Saraiva que assume o cargo num “momento complicado”, porque as Finanças querem o corte de 30% nas verbas transferidas pelas autarquias, decretado durante a ‘troika’.

António Saraiva, 66 anos, é diretor executivo (CEO) da empresa Rozès desde 1988, há 12 anos que está ligado à Fundação Museu do Douro e, para assumir o novo cargo, o responsável disse hoje à agência Lusa que renunciou à presidência da Liga dos Amigos do Douro Património Mundial (LADPM).

“Encaro este desafio como uma continuidade do bom trabalho que tem vindo a ser feito. Espero é estar à altura de o poder assegurar, mas conheço já bem este organismo, conheço bem as pessoas e, por isso, é que eu aceitei este desafio”, afirmou António Saraiva.

O responsável apontou o “momento complicado” que atinge a instituição, explicando que a Inspeção-Geral de Finanças quer que a Fundação “devolva dinheiro” que considerou que “foi legitimamente dado pelos fundadores”, como alega estar “definido nos seus estatutos”, e afirmou que, a concretizar-se, isso vai colocar “em causa a própria sustentabilidade da instituição”.

Ou seja, durante o período da ‘troika’ em Portugal, em 2012, houve uma deliberação para a redução em 30% dos valores transferidos para as fundações, quer por parte do Estado quer por parte dos municípios.

No Douro, nenhuma das câmaras considerou essa redução, mantendo a dotação de cada uma para a Fundação do Museu do Douro e, as autarquias, estão agora a ser notificadas para a reposição desse valor “a mais” entregue à Fundação.

O presidente da Câmara do Peso da Régua e elemento do conselho diretivo da Fundação Museu do Douro, José Manuel Gonçalves, explicou que o que é pedido é que os municípios reduzam, nos próximos anos, o valor que entregam à instituição, considerando que a concretizar-se essa redução poderá inviabilizar-se o funcionamento do Museu do Douro.

“Estamos a sensibilizar para que esta norma não tenha de ser cumprida dessa forma. A verdade é que subjacente aos serviços e ao valor que nós transferimos para as despesas de funcionamento também existe da parte do Museu do Douro um conjunto significativo de serviços, como exposições, que foram feitos e que vão continuar a ser feitos. Estamos a tentar ver se arranjamos uma solução para ultrapassar esta situação”, referiu.

Para António saraiva, “mais do que nunca é precisa uma grande união de toda a gente para o bem comum”.

O anúncio dos novos elementos do conselho diretivo foi feito após uma reunião, na sexta-feira, que foi presidida pelo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.

Para além do novo presidente António Saraiva, o conselho diretivo conta ainda com António Lencastre, presidente da Adega Cooperativa Caves Vale do Rodo, e José Manuel Gonçalves, presidente da Câmara do Peso da Régua.

Fernando Pinto pediu para abandonar o cargo de presidente da Fundação do Museu do Douro que ocupou durante quase 10 anos.

“Tudo na vida tem um momento e eu fiz 80 anos e achei que era altura de deixar esta função no museu”, salientou Fernando Pinto, que salientou a necessidade de “dar continuidade ao trabalho feito” e dar um “novo impulso à vida do museu”.

O projeto do Museu do Douro foi criado em 1997 na sequência de uma lei aprovada por unanimidade na Assembleia da República.




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