Especialistas em micologia preveem que neste outono o Nordeste Transmontano seja "farto" em cogumelos silvestres devido às condições climatéricas favoráveis, sendo que as primeiras espécies já começam a aparecer por todo o território.

"Já fiz uma pequena saída de campo e constatei que se já se apanham 'Macrolepiota procera', conhecidos na nossa região como roques, a 'Amanita muscaria', também apelidada por rosalgar, o que indica que o ano tem condições para a apanha de cogumelos até ao inverno", explicou hoje à Lusa Manuel Moredo, presidente da Associação "A Pantorra", uma das mais antigas no país a dicar-se ao estudo destes fungos.

A antevisão é feita numa altura em que se prepara o 20.º Encontro Micológico Transmontano, um dos mais antigos do país, que se realiza em Mogadouro, no distrito de Bragança, a partir de sexta-feira e até domingo.

Este encontro incluí uma semana gastronómica dedicada à micologia, que hoje tem o seu início, e uma Feira de Cogumelos e Produtos Locais, iniciativas promovidas pela Associação Micológica "A Pantorra".

A organização do encontro micológico é da responsabilidade do município de Mogadouro e daquela associação, entidades que este ano escolheram como tema central os benefícios dos cogumelos na saúde, principalmente na área da oncologia.

Os temas como "Micoterapia: o potencial dos cogumelos medicinais - experiência pessoal e outros casos clínicos", "Oncologia - atitudes preventivas, como nos podemos defender" e "Do drama da oncologia à esperança coadjuvante da Micoterapia" estarão assim em debate nesta edição do encontro micológico, evento que todos os anos reúne dezenas de pessoas, entre médicos, biólogos, médicos e curiosos.

"Estas comunicações serão apresentadas por pessoas que já viveram o drama do cancro e que vão explicar a utilização dos cogumelos na área da oncologia e os seus benefícios", vincou o responsável.

Segundo os investigadores da associação micológica sediada em Mogadouro, o potencial dos cogumelos silvestres aumenta de ano para ano em Trás-os-Montes, como consequência da identificação pelos especialistas de um maior número de espécies comestíveis e rentáveis do ponto de vista comercial.

No entanto, os especialistas que estudam os cogumelos alertam para "os perigos escondidos" associados a esta "comida de risco", devendo ter-se em conta que estes fungos só devem ser recolhidos por quem conhece e estuda as diversas espécies.

"A Pantorra" já identificou mais de 400 espécies de cogumelos no Nordeste Transmontano nos últimos 20 anos, mas os seus especialistas estão convencidos que há muitas mais por identificar.

"Temos de continuar a fazer este trabalho de identificação das espécies e atualizar os guias de campo já existentes", justificou Manuel Moredo.

Por seu lado, o presidente da câmara de Mogadouro, Francisco Guimarães, afirmou que a Academia Micológica será uma realidade no início do 2019, já que os equipamentos científicos e o mobiliário já foram adquiridos.

"O município vai apoiar uma bolsa de estudo que será entregue a um aluno ou aluna de mestrado ou doutoramento da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro (UTAD) e que se queira dedicar ao estudo dos fungos e dos cogumelos silvestres do território transmontano. O valor dessa bolsa está estabelecido e corresponderá a cinco mil euros", indicou o autarca.

A Academia Micológica ficará no Centro de Interpretação do Mundo Rural, "um moderno equipamento" ligados às ciências, instalado no Parque Urbano da Ribeira do Juncal.

Sanchas, boletos, repolgas ou míscaros são nesta altura do ano dos fungos mais procurados pelos apreciadores na região do Interior Norte e Centro.

Foto: Associação Micológica A Pantorra



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