Belarmino da Ascensão Marta, natural de Mogadouro, emigrou para o Brasil com apenas 15 anos e hoje é dono de uma das maiores empresas de transportes públicos do Estado de São Paulo, que emprega 16.000 pessoas.

Em declarações à Agência Lusa, o empresário usa da modéstia para dizer que o grupo de empresas que dirige “não é o maior”, mas logo explica que “tem uma frota de 4.000 veículos”.

Além dos autocarros para transporte público, o grupo BAMCAF possui ainda 150 camiões de carga líquida e “tem como clientes grandes empresas como a Shell ou a Esso”.

“A nossa responsabilidade é muito grande”, admite.

Belarmino tem 72 anos e aos 15 emigrou para o Brasil com toda a família. Depressa conseguiu “bons relacionamentos” que lhe permitiram entrar no negócio dos transportes.

Este transmontano de Vilar de Rei, Mogadouro, diz que continua a lutar para que a empresa se mantenha no topo, mas hoje com “mais satisfação” porque os mais jovens da família já estão a trabalhar no grupo”.
“Gostamos daquilo que fazemos e talvez por isso é que crescemos e chegámos onde estamos hoje”, realça.

No entanto, o grupo não escapou à crise internacional.

“Temos passado por algumas dificuldades por causa do aumento do preço do petróleo. Estamos numa fase um pouco dura, mas acho que no decorrer de 2009 a tendência é que as coisas melhorem”, diz, optimista.

Belarmino (na foto, a receber uma recente condecoração) não pensa investir em Portugal, mas não dispensa uma média de duas viagens por ano ao país.

“Gosto muito de Portugal, mas para passear. Gosto de regressar à terra, onde passo dois ou três dias para rever alguns amigos, é sempre uma satisfação voltar à escola onde estudei e à igreja onde fui baptizado”, refere.

Instado a caracterizar a comunidade portuguesa de São Paulo, o empresário diz que “está bastante integrada na sociedade”, mas aponta um problema: “há muitas associações, devia haver menos e mais unidas”.

“Mas a vaidade é muito grande”, conclui.

Belarmino falava à Lusa durante a tradicional ceia de Natal na Casa de Portugal em São Paulo, que este ano juntou cerca de 500 pessoas e onde actuou o cantor Roberto Leal.

Também em declarações à Lusa, o presidente da Casa de Portugal, Júlio Rodrigues, afirma que “a comunidade portuguesa é muito heterogénea, composta por pessoas das mais diferentes classes, com grande grau de filantropia, desprendimento e de amor ao próximo”.

“As pessoas são muito espertas e inteligentes. Alguns mal sabem assinar o nome mas têm muito jeito para a matemática e mostram uma grande clareza de entendimento económico, social e político”, reforça.

Na ceia de Natal, a Casa de Portugal homenageou o secretário de Estado das Comunidades, António Braga, que termina hoje uma visita de seis dias ao Brasil.

Segundo dados do consulado, vivem em São Paulo cerca de 150.000 portugueses.



PARTILHAR:

Azibo prepara Ecocampo de golfe

Repetição do acto eleitoral