Nos 19 municípios da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Douro há alojamento disponível para acolher cerca de 400 refugiados da Ucrânia, oito autocarros para o transporte e três médicos que falam ucraniano para apoio na chegada ao território.

O presidente da CIM Douro e da Câmara de Sernancelhe, Carlos Silva Santiago, disse hoje à agência Lusa que, neste território, foram identificados espaços para alojar cerca de 400 ucranianos “com todas as condições de habitabilidade e de integração”.

O levantamento foi feito pelos 19 municípios no âmbito de uma campanha de apoio à Ucrânia lançada na semana passada pela comunidade intermunicipal, que inclui ainda a disponibilização de oito autocarros para o transporte destas pessoas.

No território, segundo Carlos Silva Santiago, há ainda três médicos que falam ucraniano e que estão disponíveis para apoiar e acompanhar esta comunidade durante o período que aqui permaneça.

“A língua pode ser uma barreira e nós não queremos que seja”, referiu o autarca.

O presidente explicou que todo o processo está a ser coordenado com o Governo nacional, através das secretarias de Estado das Migrações e da Internacionalização.

“Estamos à espera de orientações para podermos avançar”, acrescentou Carlos Silva Santiago.

No âmbito da campanha da CIM “Somos Ucrânia” foi também feita uma angariação de medicamentos, alimentação e roupa quente em cada concelho. Estes bens vão ser, agora, transportados para Lamego, onde o pavilhão multiúsos foi transformado num centro logístico.

Ali os produtos vão ser selecionados, organizados e encaminhados, de acordo com as orientações da Embaixada da Ucrânia, para as principais fronteiras onde se verificam grandes fluxos de refugiados.

“O povo português é por natureza solidário e depois quando mexem com os nossos valores, com a nossa liberdade mais solidários nós somos”, salientou o autarca, que classificou como “uma tragédia” o que se está a passar na Ucrânia invadida pela Rússia.

A CIM Douro é constituída pelos municípios de Alijó, Armamar, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Lamego, Mesão Frio, Moimenta da Beira, Murça, Penedono, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, São João da Pesqueira, Sernancelhe, Tabuaço, Tarouca, Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Côa e Vila Real.

E de Vila Real partiram hoje dois camiões carregados com 44 toneladas de produtos que têm como destino a zona de Rzeszów, na fronteira polaca com a Ucrânia.

No centro logístico instalado no quartel dos bombeiros da Cruz Branca, em Vila Real, há mais bens prontos para seguir viagem em resultado de um movimento que juntou a comunidade ucraniana residente em Trás-os-Montes, a sociedade civil, as duas corporações de bombeiros do concelho – Cruz Branca e Cruz Verde, instituições de solidariedade social como a Cruz Vermelha e o Rotary Club, autarquias e empresários.

Um deles é António Teixeira, proprietário de uma serralharia e voluntário como motorista para guiar um dos camiões, uma missão que disser ser “pela paz”. “Isto toca a todos. Neste momento é o contributo que eu posso dar”, afirmou aos jornalistas.

José Carvalho possui uma empresas de transportes em Murça, com 25 camiões, dois dos quais disponibilizou para esta missão. É também um dos motoristas desta “causa que vale a pena”. “São eles hoje e podemos ser nós amanhã”, salientou.

A acompanhar os camiões seguiu uma carrinha de nove lugares com elementos da associação Respiramos Gasolina e as amigas ucranianas Ivanna Rohashko e Svitlana Kononchuk, que têm com missão trazer, no regresso, uma família de refugiados.

A mãe de Ivanna, Svitlana Rohashko, ficou em Vila Real com o “coração apertado”, mas com “orgulho” pelo trabalho solidário que tem sido desenvolvido pelas jovens.

A família é da zona de Dubno, perto da fronteira com a Polónia. Poucos dias antes da invasão russa, Svitlana trouxe a mãe de 80 anos para Portugal e na Ucrânia ficaram muitos familiares que se recusam a sair.

“Os contactos são diários e ficamos mais felizes quando nos dizem que ‘hoje está tudo bem’”, contou, referindo que de lá chegam relatos de ataques a locais civis, já não só aos aeroportos daquele território.

Em Vila Real, também o comité organizador diocesano das Jornadas Mundiais da Juventude Lisboa 2023 doou metade dos lucros amealhados com a venda de produtos oficiais do evento, cerca de 400 euros, para ajuda à Ucrânia.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que, segundo as autoridades de Kiev, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil.

Os ataques provocaram também a fuga de mais de 1,5 milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU.



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