Ribeira de Pena retoma na sexta-feira o tradicional desfile das carranhosas, uma festa de inverno que junta mulheres de todas as idades, com os rostos pintados, mascaradas e preparadas para “os ataques” dos homens com farinha.

Depois de um interregno de dois anos, provocado pela pandemia de covid-19, a festa das carranhosas vai ser retomada neste concelho do distrito de Vila Real.

Esta é, segundo disse hoje à agência Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Salvador e Santo Aleixo d’Além Tâmega, Daniel Carvalho, uma iniciativa que junta cada vez mais participantes e que atrai também, cada vez mais visitantes.

Não há documentos escritos sobre as origens deste cortejo, mas foi passando de geração em geração através da tradição oral e foi, ao fim de quatro décadas, retomado em 2016 para dar vida e movimento às ruas deste concelho.

Em 2023, a festa de inverno começa na quinta-feira, prolonga-se até domingo, celebra o São Brás na sexta-feira e dá também início às comemorações do Carnaval.

Por estes dias, as mascotes, participantes disfarçados de gigantones e cabeçudos, percorrem o concelho e os municípios vizinhos para chamar a atenção para a festa.

O ponto alto da festa é o desfile na sexta-feira, durante o qual mulheres, desde as mais novas às mais velhas, pintam os rostos, põem máscaras pintadas à mão, vestem-se a preceito e preparam-se para os ataques dos homens e rapazes com farinha e confetes.

Antigamente, segundo contou Fátima Dias, 74 anos, os ataques eram feitos com cinza, porque “não havia farinha para desperdiçar”.

“E se fosse um dia que estivesse a chover chegávamos a casa todas carranhosas, toda sujas. Mas era engraçado, havia alegria e era uma maneira de se meterem os rapazes com as raparigas e as raparigas faziam de conta que não gostavam, mas elas até gostavam. Era um divertimento”, contou.

Fátima Dias garantiu que este ano também vai participar no desfile.

“Vestimo-nos a rigor, disfarçadas e é novas, mais velhas, é tudo. Vem tudo aqui para o Salvador para as carranhosas. Metemo-nos uns com os outros e sai daqui tudo enfarinhado, tudo carranhoso na mesma”, referiu.

Fátima Dias disse que tem visto a festa a crescer de ano para ano e relatou que “até vem gente em autocarros para assistir” a “esta tradição”.

A participante destacou também a importância de mostrar aos mais novos que há outras formas de brincar para além dos “telemóveis, computadores e Internet”.

Esta foi, acrescentou, “uma forma de estabelecer ligações dos mais novos e jovens com os mais velhos”.

“O objetivo foi recuperar uma tradição e mostrar às gerações de agora e às vindouras”, afirmou o presidente da junta Daniel Carvalho.

O autarca apontou ainda a parte solidária da iniciativa, porque a verba angariada nos almoços e jantares, será entregue aos bombeiros, Santa Casa da Misericórdia e igreja paroquial.

Ao longo de quatro dias, os visitantes poderão degustar os pratos típicos da região, das couves com feijões aos milhos ricos e dançar ao som da música popular.

Na sexta-feira haverá missa em honra de São Brás com a tradicional bênção do pão e o típico caldo de farinha servido com orelheira

A organização do evento envolve a Junta de Salvador, o município de Ribeira de Pena e a Fábrica da Igreja Paroquial do Salvador.



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