A Cooperativa Agro Rural de Boticas quer avançar com um projeto de “alfabetização digital das aldeias” para formar e dotar os agricultores de ferramentas como ‘tablets’ ou telemóveis e pôr este mundo rural a “funcionar em rede”.

“Vamos investir muito nas novas tecnologias e queremos fazer a chamada alfabetização digital das nossas aldeias. É um projeto de futuro”, afirmou hoje Albano Álvares, responsável pela cooperativa CAPOLIB e que falava à agência Lusa a propósito dos 70 anos da organização, que se celebram no sábado.

O objetivo do projeto ‘smart villages’ passa, segundo explicou, por dar formação aos agricultores para que eles possam também utilizar as novas ferramentas informáticas.

“Hoje já ninguém vive sem ter acesso a meios tecnológicos e nós queremos que eles estejam na linha da frente”, frisou, acrescentado que se pretende avançar com uma candidatura para aquisição e distribuição de ferramentas informáticas pelos produtores, nomeadamente computadores, ‘tablets’ ou telemóveis.

A CAPOLIB foi criada em 1952 com a missão de auxiliar os produtores agrícolas da região, aumentar e melhorar a sua produção, centralizar as compras e comercializar os seus produtos.

Atualmente, a cooperativa tem 1.024 associados espalhados por todo o país.

“São apostas novas, de inovação (…) Nós aqui queremos prestar o serviço que as pessoas precisam”, afirmou Albano Álvares.

Mas, aos 70 anos a ambição da cooperativa passa também por avançar para a área do agroalimentar com produtos, como a carne barrosã ou o cabrito, pré-confeccionados ou já cozinhados.

Para a sua implementação, explicou, vai ser feito um protocolo com o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), nutricionistas e ‘chefs’ de cozinha.

“Para que nos deem um suporte técnico e científico para que, em segurança e com qualidade, possamos começar a trabalhar nesse setor”, apontou.

Outro “projeto ambicioso” é, frisou, a certificação florestal.

“Nós gerimos 14.000 hectares de florestas comunitários e já temos 6.000 hectares certificados de normas internacionais e 11.000 em modo de transição biológica”, explicou.

A CAPOLIB criou também o serviço de aconselhamento agrícola e florestal (SAAF), um programa que tem como lema “agricultor aconselhado é um agricultor prevenido”.

Cerca de 70 agricultores já se inscreveram no SAAF, um serviço que se desloca junto das pessoas para um diagnóstico e análise dos problemas de uma exploração agrícola ou florestal e a elaboração de um plano de ação com as recomendações em áreas temáticas.

“Sobretudo sensibilizá-los para a utilização racional dos pesticidas, dos adubos e para que a transição climática também seja outro dos nossos desígnios”, acrescentou.

No concelho de Boticas há ainda cerca de 1.500 cabras que estão a ajudar a prevenir incêndios rurais no âmbito de uma candidatura submetida pela cooperativa agrícola ao programa “Cabras Sapadores”, lançado pelo Governo.

“Vamos no segundo ano de execução desse projeto, que tem uma duração de cinco anos, e tem sido um sucesso. Estamos só a introduzir aquilo que se fazia antigamente e que dava resultados excelentes”, sublinhou, destacando que estes rebanhos representam um papel preponderante na preservação neste território que é Património Agrícola Mundial.

Ao longo dos anos a CAPOLIB foi-se expandindo e criou o Agrupamento de Produtores de Carne Barrosã, o Agrupamento de Produtores de Mel de Barroso e, mais recentemente, o Agrupamento de Produtores Florestais.

“São 70 anos de mudança e de adaptação”, salientou o responsável.

A cooperativa nasceu por causa da batata de semente, mas hoje os seus produtos de destaque são a carne barrosã, o cabrito e o cordeiro, bem como o mel do Barroso, que, segundo Albano Álvares, é “o mais premiado do país nos últimos cinco anos”.

À festa dos 70 anos da CAPOLIB vai juntar-se a ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, e os associados da cooperativa que está sediada no norte do distrito de Vila Real.



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