A Associação Portuguesa do Ambiente (APA) revelou hoje ter recebido cerca de 170 participações durante o período de consulta pública do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) da Mina do Barroso, prevista para Boticas, que terminou na sexta-feira.

A consulta pública no âmbito do procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) do projeto de ampliação da Mina do Barroso, concelho de Boticas, distrito de Vila Real, começou a 22 de abril e estava inicialmente prevista até 02 de junho, tendo sido depois prorrogada por mais 30 dias, até 16 de julho.

Segundo referiu hoje à agência Lusa fonte da APA, foram recebidas “cerca de 170 participações” durante este período.

A Mina do Barroso situa-se em área das freguesias de Dornelas e Covas do Barroso, e o projeto está a ser promovido pela empresa Savannah Lithium, Lda, que prevê uma exploração de lítio e outros minerais a céu aberto. A área de concessão prevista é de 593 hectares.

O adiamento do período de consulta pública até 16 de julho tinha ido de encontro ao pedido feito pelo presidente da Câmara de Boticas, Fernando Queiroga, que disse que o prazo inicial era pouco para “analisar tantos documentos” e “documentos tão confusos”.

Fernando Queiroga considerava ser “humanamente impossível analisar os documentos todos” no período inicialmente previsto e referiu que, com a prorrogação do prazo, já era “possível, com mais pormenor, decompor e contestar o EIA”.

A Savannah tem dito que teve como prioridade desenvolver para a Mina do Barroso um projeto que permita assegurar que os impactes serão de “baixa incidência” ou “mesmo eliminados”.

Segundo a empresa, o investimento “resultará em significativos benefícios económicos, sociais e demográficos, de longo prazo, como o investimento de cerca de 110 milhões de investimento para desenvolvimento e construção de infraestruturas locais, e a criação de 215 empregos diretos e entre 500 a 600 indiretos”.

O projeto tem como foco principal a produção de concentrado de espodumena, para posterior alimentação de estabelecimentos mineralúrgicos de processamento de lítio, tendo como subprodutos o feldspato e quartzo para alimentar a indústria cerâmica e vidreira, e prevê a instalação de um estabelecimento industrial (lavaria).

A Savannah Resources é uma empresa britânica de prospeção mineira cotada na Bolsa de Valores de Londres e com projetos em Omã (de cobre), em Moçambique (de areias minerais) e Portugal (lítio).

Em maio de 2017, a Savannah adquiriu a Slipstream Resources Portugal, na qual se incluem as concessões de lítio da empresa em Portugal, para desenvolver o projeto mineiro na região do Barroso, no concelho de Boticas, detendo a Mina do Barroso a 100% desde junho de 2019.

Com um investimento total estimado na ordem dos 110 milhões de euros e a criação prevista de 215 empregos diretos e 500/600 indiretos, o projeto de exploração de lítio em Boticas aguarda ainda decisão quanto à avaliação de impacte ambiental, mas tem vindo a ser contestado pela população local que criou a Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB) para lutar contra a mina.

 



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