O Centro Cutural Português de Hudson abriu as suas portas após anos de trabalho árduo e consciente de que a concretização deste magnífico projecto
ia dotar a comunidade portuguesa de uma obra digna e um marco bem visível do poder de iniciativa das nossa gentes.

Dizia o poeta \"Ditosa Pátria que tais filhos teve\". A pequena comunidade de Hudson é um exemplo da frase do poeta, onde sobressaem os irmãos Frias, que
não obstante o seu sucesso empresarial e financeiro, nunca esqueceram a sua origem e a sua comunidade.
Arriscar um projecto de 6 milhões de dólares, ignorando a choradeira da diminuição do fluxo migratório, os cerca de 8 mil portugueses radicados em
Hudson, mostraram que tudo é possível quando a alma não é pequena e as obras conseguem a sua realização desde que haja a força de vencer.
O dia 7 de Maio, mês de Nossa Senhora de Fátima, que é venerada numa simples capela que se manteve intacta ao lado do moderno edifício do Centro Cultural
Português de Hudson, passa a fazer parte do historial digno daquela presença lusa nos EUA.

Vamos visitar o Centro Cultural Português em Hudson
O Centro Cultural Português de Hudson ergue-se imponente ao cimo de um espaço aberto rasgado no meio da floresta.
Quem entra na Porter Street depara com uma construção de linhas modernas, leves e atraentes servida por um enorme parque de estacionamento.
Passando as portas principais depara-se com um átrio de muito bom gosto e de um sai uma escadaria de acesso ao salão principal para uma lotação de 600
pessoas.
Música sinfónica ambiente dava um ar ainda mais sofisticado ao cerimonial de inauguração.
Este salão pode ser subdividido em salões mais pequenos para albergar festas entre as 100 a 200 pessoas.
A iluminação natural entra por enormes janelas com vista sobre o rio apoiado por candeeiros quando a luz do dia se esconde.
Dois bares apoiam o salão, colocados nas partes extremas de forma a poder servir quem se venha a utilizar daquele magnífico local de convívio.
Se no entanto do mesmo átrio virar à direita vai encontrar escritórios e salas de apoio e descendo, mais um salão que na passada semana mostrava uma curiosa exposição de artesanato.
Desde os trabalhos dos alunos da escola portuguesa, passando pelo velho xafariz, as naus das descobertas, as taças conquistadas pelo Benfica de
Hudson tudo enchia um vasto espaço que foi muito visitado durante a semana.
Acompanhados pelo presidente José Monteiro fazemos agora uma paragem no ginásio. Este espaço onde só falta aplicar o tapete está apto à prática das
mais diversas modalidades desportivas.
Prosseguindo a visita fez-se uma paragem no restaurante, a funcionar diariamente apoiado por uma cozinha moderna e funcional.
Ao lado, a sala de convívio dos sócios, com bar e televisores, onde o Benfica de Tony Frias era a estrela da tarde, se bem que um pouco apagada.
Uma sala de jogos de salão era mais uma achega às instalações.
Quartos de banho modernos, a condizer com toda a construção, mostram que tudo foi pensado ao pormenor, de moldes a que o novo edifício construído
agora esteja apto a encarar o futuro.
Se o amigo leitor tiver oportunidade de se deslocar a Hudson não deixe de admirar esta bela obra, que reflecte o poder de iniciativa de gentes que ao
\"descobrir\" a América fizeram-no com a certeza de manter a cultura, a tradição e a nossa língua na terra que nos abriu os braços.

\"Os portugueses comparados com outras comunidades são dos que mais se têm mantido como grupo étnico activo e bem visível\" - Tony Frias

\"A concretização deste deslumbrante projecto, que vem enalter a comunidade portuguesa no mundo e em particular em Hudson, Mass., foi possível graças a
um conjunto de boas vontades, tendo como timoneiro José Monteiro.
Temos de pensar no presente e no futuro. Nós portugueses somos muito sentimentalistas, mas não podemos ficar agarrados à velha construção de 70
anos aqui ao lado. Sei que não é fácil a sua demolição, mas o seu tempo são já memórias. Temos aqui uma excelente obra e um grande encargo financeiro
para superar\", disse António Frias, um dos pilares de sustento daquela
magnífica presença portuguesa em Hudson.
Com algumas organizações a tentarem manter as instalações que possuem ali
por Hudson, não se pensa assim e o resultado é bem visivel. \"Os portugueses
comparados a outros grupos são dos que mais se têm mantido como grupo étnico
activo e bem visível. Isto significa que vivemos muito o passado, sem no
entanto poder esquecer o presente e o futuro. Temos de manter o futebol, a
banda, a escola portuguesa como forma de manter a nossa cultura bem viva nos
EUA. Temos de ter em conta os mais idosos que gostam de ouvir fado, mas ao
mesmo tempo trazer música moderna de forma a manter a nossa juventude ligada
a esta casa portuguesa\", disse Tony Frias, um dos grandes pilares de
sustento desta digna presença portuguesa em Hudson.

\"Devemos assumir sem receios a ambição de deixarmos para as gerações futuras
uma obra, uma grande obra, que nos defina como comunidade que as valorize
como herdeiros do nosso legado\"
- Maria Manuela Bairos, cônsul geral de Portugal em Boston

Maria Manuela Bairos, cônsul geral de Portugal em Boston, que se tem
caracterizado pelo dinamismo que tem conseguido imprimir no seio
comunitário, estava radiante com a conclusão daquele projecto.
No uso da palavra começava por sublinhar a coragem de um povo que
\"conquistou\" o seu lugar ao sol, à semelhança dos heróis das descobertas.
\"A aventura que transportou os primeiros portugueses a Hudson, oriundos da
ilha de Santa Maria, foi-se tornando num destino colectivo para sucessivas
gerações, que aqui encontraram a prosperidade que procuravam. Não há
português de um e do outro lado do Atlântico que não tenha vivido esta
aventura, ou porque partia ou porque via partir. Desde cedo se revelou esta
natural apetência dos portugueses, conforme assinalava o nosso grande
escritor do século XVII e uma das figuras de maior estatura moral do seu
tempo, padre António Vieira: \"Deus deu aos portugueses um pequeno país como
berço mas o mundo inteiro como sepultura\", começou por dizer Maria Manuela
Bairos perante 600 pessoas que enchiam o salão que poucos minutos antes
tinha sido inaugurado em honra de Tony e Joseph Frias, os grandes apoiantes
daquela majestosa iniciativa.
\"A construção de um centro desta dimensão é sem dúvida um marco memorável
para a afirmação da nossa comunidade. E memorável a vários títulos. Primeiro
porque só foi possível com a união da comunidade de Hudson. Os desafios são
hoje diferentes, talvez mais sofisticados, mas há uma sabedoria que se perde
com a memória dos tempos: a união faz a força e não há sucesso duradouro que
dispense essa união e essa força. Em segundo porque representa um
empenhamento assinalável por um projecto colectivo assumido com a
consciência dos riscos, mas também com a confiança de que há projectos nas
quais vale a pena acreditar. Por último, porque sabe elevar de forma
audaciosa o legado e o nome de Portugal. É com incontida satisfação, e até
com emoção, confesso, que vejo o nome de Portugal associado a este centro
comunitário. Temos por tradição cultivar a modéstia e a humildade, que são
valores que nos caracterizam e que devemos preservar. Mas não há nada que
tenha ficado para a história da humanidade que não tenha servido a coragem e
a ambição de uma grande ideia, de uma grande obra ou de um grande povo.
Devemos assumir sem receio a ambição de deixarmos para as gerações futuras
uma obra, uma grande obra que nos defina como comunidade e que as valorize
como herdeiros do nosso legado\", concluiu a cônsul Maria Manuela Bairos.

Mensagens de saudações
Jorge Sampaio, Presidente da República Portuguesa
\"Este novo ponto de encontro para a comunidade Luso-Americana e em
particular para a comunidade de Hudson, fruto do reconhecido esforço e
dedicação de todos, constitui uma prova inequivoca do grande dinamismo e
excelente integração dessa comunidade no seio da sociedade que os acolheu,
mas igualmente como uma referência na valorização e reforço permanente dos
laços que unem a Comunidade Portuguesa nos Estados Unidos da América e
Portugal\", lia-se na mensagem de Jorge Sampaio.
Carlos César, presidente do Governo Regional dos Açores e que foi recebido,
ainda nas velhas instalações daquela presença de Portugal em Hudson,
juntou-se àquela passagem histórica com o envio de uma mensagem.
\"O espírito empreendor e de iniciativa de todos os que de alguma forma
contribuiram para a realização deste projecto, acaba de dar o seu primeiro
fruto. Esperamos que seja o primeiro de um longo percurso bem sucedido deste
novo centro\", lia-se na mensagem de Carlos César.

\"Faço votos para que este belo edificio não seja só local de convívio, mas
para formação de modo a que a língua portuguesa não se perca\"
- Alberto Costa, presidente da Câmara de Vila do Porto

Alberto da Silva Costa, presidente da Câmara de Vila do Porto, Santa Maria,
foi um dos convidados de honra da banquete de inauguração daquela presença
mariense em Hudson.
\"Onde estiver um natural de Santa Maria a ilha está ali. Estando num clube
onde a maioria dos responsáveis são naturais daquela parcela do território
açoriano, assim como a comunidade portuguesa residente em Hudson é
maioritariamente mariense é como se estar em Santa Maria\", disse Alberto da
Silva Costa, presidente da Câmara de Vila do Porto, em mais uma visita aos
EUA e esta com sabor especial, que o deixou bem impressionado.
\"Santa Maria tem aqui uma comunidade muito activa que foi capaz de erguer
este belo edifício como sede do Centro Cultural Português de Hudson o mais
moderno e funcional da Nova Inglaterra. Uma obra de 6 milhões não é tarefa
para qualquer comunidade. Faço votos para que este belo edifício não seja só
local de convívio, mas para a formação de modo a que a língua portuguesa não
se perca\", disse o presidente da Vila do Porto, Alberto da Silva Costa,
perante um salão cheio de associados, representações de outras organizações
como sejam o Clube Desportivo Faialense de Cambridge e Centro Cultural de
Santa Maria em East Providence.
\"A história portuguesa está marcada, ao longo dos séculos pela capacidade
dos portugueses superarem a dimensão das suas fragilidades naturais e de
chegarem às partes mais remotas do mundo, desde o Oriente, à Africa, e da
Europa ao continente americano. Sendo, todavia, a emigração, nos últimos
dois séculos, um dos fenómenos mais marcantes da estrutura social
portuguesa, têm sido esses portugueses, deslocados da sua terra de origem,
referências influentes e positivas na multiplicidade do nosso relacionamento
externo\", acrescentou o presidente da câmara de Vila do Porto.
\"A edificaçao do novo Clube Português de Hudson, um projecto de cinco
milhões e meio de dólares, reflecte a identidade de um povo empreendedor e
constitui-se como uma herança geracional. É assim um exemplo da capacidade
empreendedora das nossas populações, que nos orgulha e nos engrandece\".
E a finalizar Alberto Costa diz:
\"Hoje aqui nesta vila americana repleta de vivências açorianas, que carrega
na sua História, histórias que fazem parte da nossa História, estamos em
casa, como se estivéssemos numa ilha rodeada de açorianos por todos os
lados, a alma açoriana no que tem de mais exaltante e indefinível: uma
espécie de casa comum, sem terra ou espaço reservados que que não seja o
fundo do nosso coração viajante de geração e de lugar em lugar\", concluiu o
presidente da câmara de Vila do Porto, Santa Maria, Alberto Costa.

\"Assim se desmentem os profetas da desgraça que não hesitam em pôr em causa
a dimensão e o empenhamento da diáspora de hoje\"
- José Cesário, deputado do PSD pelo Círculo da Imigração fora da Europa

José Cesário foi mais uma das individualidades que tomou parte na mesa de
honra no banquete de inauguração do Centro Cultural de Hudson.
Na sua passagem por aquela presença lusa em Hudson, quando ainda secretário
de Estado das Comunidades, comprometeu-se a uma ajuda financeira em apoio
àquela obra e que foi confirmado.
Regressou agora como deputado e ficou maravilhado com o que viu.
\"É em momentos destes que se sente mais orgulho em ser português! É nestas
alturas que conseguimos ver até onde vai a nossa capacidade de realização e
de afirmação de Portugal no Mundo, desmentindo-se os profetas da desgraça
que não hesitam em pôr em causa a dimensão e o empenhamento da diáspora de
hoje\", disse José Cesário no uso da palavra na noite do passado sábado, para
acrescentar:
\"Em Hudson respira-se Portugal! Aqui encontra-se uma comunidade organizada e
unida em torno de projectos concretos que contribuem decisivamente para a
afirmação da nossa língua e da nossa cultura nas longínquas terras da
América do Norte. E que lindo que é ver, lado a lado, jovens e menos jovens,
gente com mais ou menos meios, pessoas com níveis culturais diferentes bem
diferenciados, numa miscelânia saudável, sinónimo de unidade e de vontade de
ir cada vez mais longe\", conclui José Cesário, perante os aplausos de uma
sala cheia.

José Monteiro, presidente do Centro Cultural Português de Hudson, segue as
pisadas dos heróicos fundadores daquela presença portuguesa, no seio de uma
comunidade que não sendo numerosa teve a coragem de no meio de outros grupos
étnicos erguer no mastro a bandeira portuguesa.
Estávamos no ano de 1921 quando foi lançada a semente no 5 da High Street
que depois estendeu ramos ao 49 Main Street no ano de 1922.
No meio destes destemidos portugueses havia por certo visão de futuro e em
1921 aprovam a compra de um terreno na River Street, com condições para sede
e campo de futebol.
A 22 de Setembro de 1933 \"The Portuguese Club of River View Road\" era
inaugurado com a presença de entidades civis e religiosas.
Com o andar dos tempos novas ideias, novas mentalidades, novas visões
arriscam um projecto com pré-inauguração na noite de passagem de ano
2004-05, para ser rodeado de um longo cerimonial durante a passada semana
que culminou as cerimónias oficiais da abertura da obra que António Frias
qualificou como \"as instalações mais modernas e funcionais entre as
comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo\". O 7 de Maio de 2005 vira uma
página altiva e significativa do poder de homens e mulheres portugesas no
seio da comunidade de Hudson.

\"Temos sorte em termos gente que sente nas veias o sangue luso como os
irmãos Frias, sem os quais a realização deste projecto não seria possível\"
- José Monteiro, presidente do Centro Cultural Português de Hudson

\"É um orgulho para mim ver a concretização de um sonho com 20 anos de
existência. Graças a Deus nos últimos cinco anos tivemos sucesso e
conseguiu-se a concretização desta magnifica obra\", disse José Monteiro,
presidente do Centro Cultural Português de Hudson uma obra que honra a
comunidade lusa nos EUA.
\"Temos tido muita sorte em termos gente que sente nas veias o sangue luso
como sejam os irmãos Frias, sem os quais a realização deste projecto não
seria possível. É com gente como esta que a nossa comunidade consegue um
lugar de honra quer a nível de Hudson, quer de outras comunidades em que
também se conseguem projectos altivos\", prossegue José Monteiro deixando
transparecer a alegria de ver a concretização deste arrojado projecto no seu
mandato.
\"A sede do Clube Português de Hudson já existe neste local desde 1929. Uma
longa e frutífera caminhada consegue erguer ao lado da velhinha e saudosa
sede este magnífico edifício que é o orgulho de todos nós\", prossegue o
presidente do actual Centro Cultural Português de Hudson.
\"Este projecto levou quatro anos a concluir. Foi necessário um movimento
para ultrapassar o problema financeiro. Gradualmente as paredes foram
surgindo dos alicerces, depois os embelezamentos exteriores e interiores e
hoje abrem-se as portas\", prossegiu José Monteiro, que viu o seu nome
atribuído a uma das salas do nova sede que se ergue no seio de uma
comunidade de cerca de 8 mil portugueses na sua maioria oriundos de Santa
Maria. Entre estes existem famílias do norte de Portugal e ilha de São
Miguel.
O Centro Cultural Português de Hudson conta com 500 associados a quem
oferece um moderno e amplo salão com capacidade para 600 pessoas.
\"Vamos tentar rentabilizar as novas instalações não só a nível da comunidade
portuguesa como outras etnias e americanos. Podemos dividir o salão
principal em três salas diferentes de modo a poder albergar várias festas ao
mesmo tempo. Continuamos a oferecer um sala só para sócios e temos um
restaurante aberto de segunda a sexta para almoços e sexta e sábados para
jantares\", continua José Monteiro, falando sobre a nova e moderna construção
inaugurada no passado sábado.
\"Depois da finalização total o projecto hoje concretizado ronda os 6 milhões
de dólares. Sabemos ter sobre nós um empréstimo a pagar na ordem dos 3
milhões de dólares. Embora seja uma soma altissima as coisas estão a correr
de feição. As salas mostram uma taxa de ocupação muito aceitável, o número
de sócios estão a aumenta\", prossegue José Monteiro, de quem não se ouviu a
choradeira da diminuição do fluxo migratório, mas a força de vencer com a
comunidade que o rodeia e enraizada por aquelas paragens.
\"No aspecto de actividades temos banda de música, escola portuguesa, futebol, aulas de música, festas de Nossa Senhora de Fátima, Império
Mariense e Micaelense\", conclui José Monteiro, presidente do Centro Cultural Português de Hudson.
Escola Portuguesa, banda de música, festas do Espírito Santo, seccão desportiva, festas de Nossa Senhora de Fátima, além de uma activa vida social, constituem a vida de uma grande casa portuguesa.



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