A comissão administrativa da Casa do Douro (CD) colocou à venda 86.900 litros de vinho do Porto que espera que rendam cerca de 1,7 milhões de euros que servirão para pagar dívidas a credores privados da instituição.

Agostinho Santa, responsável pela comissão administrativa do património da CD, instalada no Peso da Régua, distrito de Vila Real, disse à agência Lusa que terminou hoje o prazo de entrega de propostas de compra do vinho, as quais serão conhecidas no dia 06 de abril.

O responsável explicou que foram selecionados 86.900 litros de vinho do Porto do stock da instituição e salientou que esta venda foi "devidamente planeada" e aprovada pelo Ministério da Agricultura e pelo fiscal único.

O objetivo é conseguir fazer negócios na ordem dos 1,7 milhões de euros, necessários para pagar dívidas a credores privados da Casa do Douro, como fornecedores de serviços e produtos.

Em 2017, foram colocados à venda 81.000 litros de vinho e as receitas foram canalizadas para pagamento de salários em atraso aos trabalhadores.

Criada em 1932, a CD viveu durante anos asfixiada em problemas financeiros, possuindo uma dívida ao Estado que atingiu, segundo o anterior Governo PSD/CDS-PP, cerca de 160 milhões de euros.

A Casa do Douro pública foi extinta em dezembro de 2014, sendo posteriormente aberto um concurso para escolher uma entidade para gerir a CD privada, que foi ganho pela Federação Renovação do Douro.

Em maio de 2016, já com o Governo PS, o parlamento aprovou a criação de uma comissão administrativa para a regularização das dívidas da extinta Casa do Douro e da situação dos trabalhadores.

A Federação Renovação do Douro / Casa do Douro mostrou-se contra "a nova venda de vinho do Porto", considerando que está a ser feita "sem o menor planeamento", à "revelia" do conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) e que irá "representar um excedente no mercado".

"O mais grave não é a venda gradativa do vinho do Porto velho em stock, mas sim fazê-lo sem qualquer transparência e planeamento a longo prazo garantindo que sejam acautelados todos os riscos da sua introdução no mercado", referiu a organização em comunicado.

Por fim, a Federação Renovação do Douro questionou porque "não se põe à venda o património imobiliário desnecessário e em decadência para pagar as dívidas mais prementes".



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