A professora Ana Sampaio Monteiro encabeça a candidatura do Partido da Terra (MPT) à Câmara de Alijó, apontando como principal preocupação a “situação extremamente” precária de quem vive da vinha, a principal atividade económica do concelho.

A crise dos viticultores do Douro é, segundo disse hoje Ana Sampaio Monteiro à agência Lusa, uma das principais razões que a levaram a aceitar o repto de ser candidata ao município do distrito de Vila Real.

“Este concelho faz parte da Região Demarcada do Douro e cerca de 90% da população, ou talvez mais, vive da vinha, vive da agricultura e, como se sabe, a situação da vinha e dos vinhos do Douro é extremamente precária”, afirmou.

A cabeça de lista pelo MPT apontou ainda “à redução drástica” do benefício, quantidade de mosto que cada viticultor pode destinar à produção de vinho do Porto, considerando que este corte é “um flagelo” para os agricultores que têm custos de produção cada vez mais elevados.

Pelo que propôs a criação de um “gabinete forte de apoio ao viticultor” e defendeu que uma câmara municipal pode ser “um organismo de grande pressão” junto do Governo para que “proteja mais os pequenos e médios agricultores”.

A segunda razão apontada por Ana Sampaio Monteiro é o facto de, 51 anos após o 25 de Abril, esta ser “a primeira vez que aparece uma candidatura de uma mulher” ao município de Alijó.

“Este é um projeto que efetivamente é disputa de poder com este executivo”, realçou a candidata.

Professora do ensino secundário, historiadora e coautora do projeto “Entre Tempos” (manuais escolares da Porto Editora, do ensino secundário), a cabeça de lista pelo Partido da Terra nasceu em Moçambique, cresceu em Alijó, viveu e trabalhou no Porto e regressou há cinco anos ao concelho duriense.

“Quando regressei a Alijó constatei que, passados 20 anos, houve um retrocesso incrível a todos os níveis”, realçou, referindo que há outros fatores para esse retrocesso para além da perda de população no interior.

Na sua opinião, Alijó “não cresce, o conjunto de freguesias estagnou no tempo, tem falta de infraestruturas e tem vindo a perder muitos serviços”, salientando ainda que vai lutar por um “serviço de atendimento noturno”.

“Só temos até às 20:00 e mesmo assim não é uma urgência, quando Alijó já teve um serviço de atendimento noturno. A urgência mais próxima é na capital do distrito, Vila Real, que fica a 40 quilómetros e isso causa, evidentemente, uma grande insegurança, até porque a população aqui do concelho é maioritariamente idosa”, referiu.

A candidata disse ainda que o concelho possui um vasto património material e imaterial e criticou o atual executivo porque “não se interessa pela preservação desse património” e de o deixar “ao abandono”.

São também candidatos às eleições autárquicas de 12 de outubro, em Alijó, José Rodrigues Paredes (PSD), Luís Almeida (PS) e Pedro Manuel Pinto (Chega).

Em 2021, a coligação PSD/CDS-PP ganhou as eleições com 4.441 votos (59,99%) e cinco mandatos, contra os 2.285 (30,87%) votos no PS, que conquistou dois mandatos. O Chega obteve 142 votos (1,92%) e a CDU (PCP/PEV) 131 votos (1,77%).



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