Quando qualquer família vive para além das suas possibilidades por um considerável período de tempo, a situação financeira torna-se calamitosa. Quando a situação chega a esse ponto, a família pode tomar uma de três decisões: encarar o problema com seriedade e tentar controlar e superar o défice, tomar medidas que a deixam com a consciência mais tranquila mas que não têm grande consequência prática ou assobiar para o lado e esperar que haja um milagre. É o que se passa com Portugal.
As entidades responsáveis pela tomada de decisão no nosso país, ao contrário do que se passa com cada família, têm o encargo acrescido de as consequências das suas decisões afectarem terceiros: é todo o Portugal que sente, vive e sofre os resultados das opções tomadas. Pena é que nem sempre tenham essa consciência.
Durante algumas semanas assistimos a uma guerrilha política que prejudicou, além dos seus intervenientes, o nosso país. Mas finalmente foi tomada uma decisão que, na minha opinião, foi a mais acertada. Algumas medidas necessárias mas impopulares foram tomadas, interessando agora ver como serão (e se serão) aplicadas na prática. Pena é que alguns organismos tenham sido, em última análise, deixados de parte de um corte não só da despesa excessiva como, em alguns casos, verdadeiramente chocante.
As famílias, esses entes para alguns responsáveis governamentais desconhecidos, foram o principal alvo de cortes. Em vez de se apoiar a célula base da sociedade, de tentar proteger ao máximo o núcleo central e pessoal da vida foi, ela foi totalmente relegada para o fim das prioridades. Decisão que sairá bem cara a curto prazo.
É verdade que precisamos urgentemente de soluções, mas choca-me que Portugal relegue para segundo plano que os parceiros de acordo não respeitem os Direitos Humanos. É o que acontece com o Presidente da Venezuela e da China.
Polémicas à parte, a verdade é que já não há furos no cinto para se apertar mais e não parece que a situação se irá facilitar nos próximos tempos. Veremos se o nosso Governo opta por verdade ou consequência.