Os últimos meses do corrente ano, têm sido marcados por factos diversos relativos à política nacional que, pense-se o que se pensar, podem levar a concluir que vivemos quase numa república das bananas. De facto não vivemos e bananas só na Madeira!
Este tipo de notícias que têm vindo a público, leva-me a acreditar que a comunicação social nacional está seriamente hipotecada. Não sei a quem directamente, mas dá para desconfiar que seja a um qualquer loby do partido socialista, pois só a ele interessa o que se tem noticiado.
Na verdade, desde que esta coligação assumiu a governação do país, tudo se virou contra ela mesmo antes de qualquer prova em termos governativos. Depois, após a saída intempestiva de Durão Barroso para tomar assento e liderança na Comissão Europeia e a subida natural a Primeiro-ministro de Santana Lopes, então todos os jornais e televisões se viraram contra ele. Já não havia mais nada de interessante a contar!
De facto, os casos da Casa Pia que nos impingiram durante quase dois anos, todos os dias, em todos os noticiários, para desviarem a atenção das pessoas para o que lhes interessava nessa altura, de repente desapareceram para dar lugar de primeira página ao governo e ao seu líder! Seria uma viragem de louvar se não fosse o amesquinhar de situações em catadupa, destinadas a levar às pessoas uma caricatura governativa, empolgando aspectos sem importância e esquecendo outros repletos de interesse nacional. Este tipo de actuação só interessa à oposição.
Se a verdade estivesse espelhada nas parangonas jornalístico-noticiosas, ninguém diria nada, mas como aí havia muita mentira e inverdades, é natural que aos poucos, muita gente deixasse de dar crédito às notícias para analisar, por si só, o dia-a-dia da política nacional, através de outras fontes de informação.
Cabe aqui alguma comunicação social local, aquela onde ainda não chegaram pressões partidárias exteriores ou aquela que ainda se mantém íntegra e vertical no modo de veicular a notícia.
A verdade é que se têm explorado até à exaustão todos os movimentos do governo. Ou porque hoje um ministro disse isto e amanhã outro disse outra coisa diferente, já temos manchete para amesquinhar o governo ou os ministros. Já temos contradições. Já o governo não se entende. Já o ministro e o secretário de estado não estão em sintonia, etc.. Isto é uma vergonha! E quando vamos para as televisões ainda é pior, pois chegamos ao ponto de em vez de se darem as notícias, o próprio pivot se dá ao luxo de as comentar, como se fosse ele fosse o entrevistado ou o analista político! Isto é uma aberração, só possível numa república de bananas! Francamente! Ao ponto a que nós chegámos! E ninguém diz nada.
Porquê? Nenhum partido da oposição é capaz de comentar a quantidade de anomalias noticiosas que todos os dias nos fazem companhia à hora dos telejornais. É claro que interessa à oposição, mesmo que não concorde com esta aberração noticiosa. Dá imenso jeito! Se fosse ao contrário já ser
ia outra coisa diferente com toda a certeza, mas assim até vem mesmo a calhar! É isto que me leva a acreditar que esta comunicação social está deveras hipotecada essencialmente ao partido socialista. Não se entende de outra maneira! Sempre tão atentos a tudo e a todas as coisas, porque é que agora não criticam este modo de comunicar? Eu não critico a Contra Informação pois já ela é uma crítica, não só ao governo, como a outras coisas nacionais como o futebol e até tem alguma piada na forma como diz as coisas, chamando a atenção para aspectos curiosos. É uma forma engraçada de criticar noticiando. Mesmo com alguns exageros de tratamento, mas enfim, aceita-se. Afinal é um momento de descontracção e de divertimento!
Seja como for, tudo tem limites e a liberdade de cada um acaba onde começa a liberdade dos outros. A liberdade de expressão é uma conquista importante da democracia, mas não pode colidir com a decência, com a educação, com o respeito pelo próximo. A própria democracia tem limites. Não convém ultrapassá-los sob pena de entrarmos num sistema autocrático, condenável a todos os níveis. A censura já acabou há muito e ainda bem!
É altura de termos alguma dignidade no que noticiamos e na forma como o transmitimos. É hora de sermos honestos connosco próprios, de assumirmos a responsabilidade do que dizemos e do que fazemos. Toda a hipoteca é perigosa e esta mais do que qualquer outra. A comunicação social só tem sentido quando é honesta e apartidária. Deixemos aos fazedores de opinião a oportunidade de expressar o que sentem e o que pensam. A opinião é uma coisa e a notícia é outra. A notícia tem de ser vertical, directa e célere. Nua e crua. O que cada um pensa acerca dela, já não pode fazer parte da mesma. É uma opinião. Não pode passar disso mesmo e quem gosta de dar o seu parecer acerca dela que o faça em outro lugar e a outra hora. Estamos a ficar fartos de pessoas que querem ser o que não são e que dizem o que não devem.
Porque será?