Jorge Gomes inaugurou a sua sede de candidatura e promete «fazer a diferença». O Estado-Maior do Partido Socialista Nacional esteve presente, ao contrário de noutras candidaturas, para dizer que Bragança é uma questão nacional. E que é para ganhar. O candidato, por sua vez, ousou e promete vencer, começando por elaborar o seu programa de acção pela mobilização da sociedade civil. Daí que a sede da candidatura vá estar permanentemente aberta, dentro de 15 dias.
No passado dia 3, Jorge Coelho, presidente da Comissão Permanente Nacional do PS, e Armando Vara, Coordenador Nacional do PS para as Eleições Autárquicas, vieram a Bragança, não só para apoiarem a candidatura de Jorge Gomes à Câmara Municipal de Bragança, mas também para deixarem claro que o PS dos «verdadeiros» Socialistas «se interessa e luta pela resolução dos problemas das regiões mais desfavorecidas e mais periféricas».
Neste contexto, a candidatura de Armando Vara a Presidente da Mesa da Assembleia Municipal do mesmo município foi apresentada, quer por Jorge Coelho, quer por Paz Dias, mandatário concelhio das duas candidaturas, quer ainda por Mota Andrade, Deputado Nacional pelo distrito de Bragança e Presidente da Federação do PS no mesmo distrito, como «o regresso do militante às suas «raízes»», como «a garantia de que os Socialistas se inspiram no Povo para a sua acção governativa» e que sabem «regressar a ele para com ele lutarem», «nos momentos bons e nos momentos menos bons».
Deixaram ainda claro que, enquanto Governo Nacional, o Govermo PS «apoiou imenso Bragança, sobretudo o Município de Bragança, porque é necessário construir em Bragança uma nova centralidade, atractiva do investimento e da população, e porque, para isso, é necessário dotar o Município de boas infra-estruturas. Daí que o PS tenha dado todo o apoio à Câmara Municipal em várias vertentes, desde o PROCOM, ao PÓLIS, à Cultura, ao desenvolvimento da rede viária interna e ao desenvolvimento da economia, verificando-se um esbanjar dos apoios em execuções mal programadas, mal orientadas e de eficácia duvidosa, por parte do Executivo Camarário.» .
E continuaram: «A quase duplicação das verbas do Fundo Geral Municipal e do Fundo de Coesão Municipal (nomes que vieram substituir o antigo FEF – Fundo de Equilíbrio Financeiro – o tal dinheiro que o Estado transfere todos os anos, a fundo perdido, para as Auatarquias locais), a sua quase duplicação em apenas cinco anos, é a evidência de que o PS quer o reforço das capacidades de intervenção dos Municípios e vela pela melhoria das condições de vida e de progresso dos portugueses, sejam eles governados por Câmaras Municipais dirigidas por eleitos em nome do PS ou de outros Partidos / Coligações. E Jorge Gomes está animado deste espírito de justiça e de luta pelo bem-estar dos cidadãos, vivam eles no espaço rural ou no espaço urbano, ao contrário do actual Executivo, que privilegiou o espaço urbano.» .
O candidato à Câmara Municipal, por seu lado, disse que se candidata ao desafio de desenvolver Bragança «acompanhado de uma equipa competente, não só pelos valores (que as pessoas) que a compõem defendem e representam, como, também, pela experiência acumulada com que, nas suas vidas pessoais e profissionais, sempre defenderam a Cidade e o Concelho de Bragança.». Referia-se, obviamente, a Armando Vara, mas também a outros e, talvez, a si próprio, pois em outro passo referiu já que «a sua candidatura não resulta dos benefícios pessoais colhidos pela passagem pela estrutura administrativa da Câmara Municipal, à sombra do Estado, mas do esforço e dinâmica empresarial que, ao longo da sua vida, desenvolveu na região, para poder sobreviver economicamente e construir uma empresa sólida, e também para ajudar a desenvolver os outros, como deriva da sua acção no NERBA e na ACIB. E é este espírito empreendedor que é necessário fazer intervir na gestão da Câmara Municipal».
Só assim, disse ainda, é possível «pedir responsabilidades ao actual executivo camarário, que primeiro se fascina com as obras e a prazo detecta os erros.». E é necessário travar a «descaracterização maciça e grotesca de que estamos a ser alvo» no centro histórico. E «a Câmara está hoje a investir e a apoiar com subsídios do Estado e da Comunidade Europeia, investimentos em áreas onde, provavelmente daqui a menos de quatro anos, estaremos a pedir a sua reconversão e a pedir novos fundos», para além de «ter começado obras pelo telhado (PROCOM), num enorme desrespeito pelos munícipes e em especial pelo comércio». E até os semáforos, «pensaria o actual Presidente da Câmara, (...) não sendo solução para a circulação do trânsito, poderiam ser, pelo menos, uma original forma de iluminação ou de decoração do espaço público.».
Depois, Jorge Gomes dedicou-se ao futuro e enunciou a necessidade de melhorar as acessibilidades para «Bragança ganhar capitalidade, assumindo-se como cidade de média dimensão, âncora para o desenvolvimento da região e da economia de fronteira.» mas «não esquecendo o espaço rural».
E continuou: «Apostamos numa autarquia participativa e participada» e, «como primeiro acto de gestão», faremos «a transferência da Câmara Municipal para o centro da cidade», pois isso «será um primeiro passo para que Bragança recupere a sua identidade» e para que revitalize o «centro histórico, que passa necessariamente por uma reintegração do património histórico na vida da cidade.» Nesta linha, «por que não olhar para dentro dos muros do castelo – impulsionar a actividade económica, as artes e ofícios», buscar o nosso modelo de desenvolvimento económico e cultural?
A dimensão da participação dos cidadãos na vida da autarquia mereceu a Jorge Gomes a referência à necessidade de uma ampla transferência de competências e de fundos para as autarquias de freguesia, a construção do seu programa de candidatura em concertação com a sociedade civil e a criação de uma nova freguesia na cidade de Bragança, no espaço da actual freguesia da Sé, e com sede no Bairro da Mãe-de-Água e limítrofes. Por isso, «aproximar, auscultar, equilibrar, desenvolver, distribuir meios e competências são factores que (...) fazem a minha candidatura à Câmara Municipal de Bragança uma clara opção pela diferença.».
Estamos, pois, em presença de duas candidaturas fortes à Câmara Municipal de Bragança. Em Dezembro saberemos quem é o novo Presidente da Câmara. Jorge Nunes parece ter a vantagem do poder. Jorge Gomes tem a vantagem que Jorge Nunes teve há quatro anos: a crença, a determinação, a ambição de ganhar. E só vence quem ousa lutar para vencer.
* Prof. da Escola Superior de Educação do IPB