Manuel Igreja

Manuel Igreja

Um Artigo que é um Suponhamos

Este artigo que agora aqui descrevo será algo assim como que um suponhamos depois de o dar à letra. Posto isso, faz de conta que o vou dirigir a quem manda e que enquanto cidadão sou livre de decidir que não mais vou pagar impostos, a não ser que ache os deva pagar.

Posto isto, caro senhor que manda na cobrança dos impostos, passo a informá-lo com todo o respeito, que até indicações minhas em contrário, não autorizo que me levem os meus ganhos de meio ano de trabalho, já que sinto que nesse espaço de tempo ando a trabalhar pró boneco.

Ou antes. Pior. Sinto que ando a trabalhar para sustentar pançudos, como se dizia na minha terra, algo que é assim uma coisa que me chateia consideravelmente. Não é que tenha algo contra eles, mas não suporto que tenham a barriga forrada com o esforço do trabalho dos outros. É o que é.

Vem somente daí, posso garantir, esta minha opção libertária. Nem me importava nada de pagar impostos, desde que sentisse que o dinheiro arrecadados fossem como é recomendável e justo para aquilo que é de todos, e inclusivamente para o suporte dos custos do Estado, nomeadamente dos ordenados e prebendas dos titulares respectivos. Defendo que devem ser bem pagos. Por isso por aí tudo bem.

O que me chateia, é ver por exemplo os bancos a serem resgatados com o dinheiro de todos nós, sem que ninguém seja incomodado, depois de durante décadas terem sido feudos geridos numa estratégia de quanto pior melhor, num verdadeiro regabofe em que pessoas apelidadas de fina flor da gestão, ajudaram a governar-se grados capitalistas sem pingo de vergonha na cara.

Foram abertos buracos negros do tamanho num ir e vir da terra até à lua, e agora enquanto os figurões se pavoneiam por aí impunemente sem que alguém lhes peça contas, o Estado utiliza o que nos surripia porque é sem alternativa, para tapar e salvar coisas que não podem falir porque são demasiado grandes.

Enquanto isso, ou seja, ao mesmo tempo que o caudal de dinheiro é desviado para colmatar os desmandos da banca que em vez de servir de fator de desenvolvimento económico, é antes fator de estagnação porque do nosso suor se alimenta, enquanto tal dizia eu, faltam recursos para a Saúde, para o Ensino, e para todos os outros sectores que diferenciam e que permitem ou não a razoabilidade na nossa qualidade de vida.

Por isso é que continuando em modo de suponhamos, até me atreveria a sugerir a quem de direito que busque que nem cão perdigueiro, passe o termo, a toca em que se escondem as fortunas desviadas e as faça tornar à luz do dia para com elas se tapar e salvar o que deve ser salvo. Elas andam aí, é só querer desenrolar o fio da meada.

Posto isto, sinto que bem pregou Frei Tomás e em nada adiantei neste exercício de elaboração de palavras alinhadas. Lá terei de continuar a ficar sem metade do que aufiro. Em todo o caso, desopilei e supôs por minutos que iremos construir um país mais justo. Foi um suponhamos.


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